23/02/2017

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18/02/2017

Quinta-feira e outros poemas





FESTIM

Solta as tuas pombas, Poeta,
E deixa-as voar... voar...
Se não
Do lírico festim
Que teimas em nos dar
Não restará no fim
Abandonados
Mais que um montão
De penas e ossos esburgados.


Miguel Franco, in «Quinta-feira e outros poemas», Leiria, 1962, p. 7




 



Capa e ilustração (p.6) de augusto mota



17/02/2017

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02/02/2017

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Para ter uma ideia do que é o PARQUE DOS POETAS ver estes dois vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=03r-DUqrEHw https://www.youtube.com/watch?v=CJF_WKcxb7U
 

Rosário breve




FÁBULA  DE  INVERNO  COM  UM  BOCADITO  DE  VERDADE





Gosto do Inverno. É quando mais franco se me volve aquele verso de Whitman: “Eu estou no meu lugar com os meus dias, aqui.” Rondei o derradeiro dia de Janeiro na condição de amador do tempo que fazia.
Era o império da morrinha. Do céu fosco, do céu sem um brilho, abóbada laminada a estanho, descendia espargindo-se a poalha atomizada. Pelas esplanadas, ninguém. Era como se tivesse caído a Bomba. O esquisito foi depois.
Entrei na tabacaria. Ninguém. Tudo ali à mão de pilhar. Luzes acesas sim senhor, registadora electrónica mostrando a última venda, jornais do dia, revistas da semana, fascículos coleccionáveis, aventais de raspadinhas esperando a moeda fricativa dos tesos de fortuna, copo de lápis, copo de esferográficas, chocolates finalmente baratos, brindes sorteáveis, canecas temáticas, jogos didácticos para crianças do meu tempo, dêvêdês de um tempo que vai deixando de ser meu, flores azuis e de plástico numa jarra feia como a minha cara de quando durmo & como a de quando estou acordado, tudo e menos alguma coisa.
Balbuciei: SôrAnacleto!”. Nada. SôraJudite!”. Túmulo. M’nineIvone!”. Espaço sideral. De imediato, sabendo-me portador de impunidade, do meu ombro direito sopra-me o Diabo encavalitado: “Gama o que quiseres, anjinho, isto hoje é tudo à fartazana.” Menos de metade de segundo depois, do ombro oposto o senhor meu Pai assim e assim só: “Filho.”
Não foi preciso mais nada. Rodei a esquina do balcão, tirei da estante do tabaco o maço da minha marca, deixei as moedas contadas entre o visor e as teclas da registadora. Saí. Saí um bocadito turvado pela sensação de ter ouvido fantasmas tuteadores & tuteladores.Voltei para casa. Esperei pela minha Senhora. A minha Senhora voltou.
Contei-lhe o que se tinha passado. Ela ouviu tudo sem me interromper. Quando acabei, quis saber o que achava ela. Ela achou.
Achou que “Se o anterior executivo da Câmara do Cartaxo tivesse feito o mesmo que tu fizeste, escusaria agora o pobre Pedro Ribeiro de andar a tapar buracos sem poder deixar grande obra feita.”
Isto foi a minha Senhora a achar, que eu, por mim, não acho nada. Sou achado. Onde? No meu lugar com os meus dias.
Aqui.




Crónica de Daniel Abrunheiro, in «O Ribatejo», 2 de Fevereiro de 2017

Edição e fotos de augusto mota
 

01/02/2017

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 Para a Maria Gabriela