31/12/2007

2008


Composição de Fernanda Sal Monteiro sobre fotografia de Augusto Mota.

30/12/2007

.....................feliz ano novo

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__________________________________feliz ano novo________________________________
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fotografia retirada da net
manipulação e composição de gabriela r martins.

28/12/2007

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
( mal vivido talvez ou sem sentido )
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior )
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
( planta recebe mensagens?
passa telegramas? )
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Poema de Carlos Drummond de Andrade
Textos transversais de Augusto Mota.

27/12/2007

para o Rodrigo Freitas

não é necessário o natal para nos lembrarmos dos AMIGOS
fotografia e composição de Augusto Mota.

16/12/2007

queremos ser os primeiros

fotografia de augusto mota.

15/12/2007

Lançamento da I Antologia dos Poetas Lusófonos

Adélio Amaro, coordenador editorial da Folheto ,Edições & Design.
No cavalete , em segundo plano ,vê.se a tela de Renato Bordini ( artista plástico brasileiro ) que serve de capa à Antologia.


Arménio Vasconcelos, presidente do Elos Clube de Leiria, no uso da palavra.


Marita Minelli da Academia Brasileira de Letras ( e outras Academias ).

A assitência.
Sala do auditório da sede da Região de Turismo de Leiria/Fátima ,em Leiria.

Outro ângulo da assistência.

******
Presidente do Brasil saúda I Antologia de Poetas Lusófonos

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, endereçou uma mensagem de cumprimentos à Editora leiriense Folheto Edições, após ter conhecimento da apresentação da "I Antologia de Poetas Lusófonos", levada a efeito, hoje, dia 15 de Dezembro de 2007


A "I Antologia de Poetas Lusófonas" é uma edição da Editora leiriense Folheto Edições & Design com a colaboração do Elos Clube de Leiria.
Participaram 81 Poetas de 9 Países de 4 Continentes (Europa, América, África e Ásia), com 244 Poemas.
Esta obra, com 264 páginas, que tem como objectivo a promoção da Língua Portuguesa, apresenta na capa uma obra de arte da autoria do reconhecido artista plástico brasileiro, neo surrealista, comendador Renato Bordini.

Depois da apresentação em Leiria, a "I Antologia de Poetas Lusófonos" será apresentada em Lisboa na Livraria Bulhosa, Faro, Zurique (Suíça), Paris (França) e também no Rio de Janeiro (Brasil).
fotografias de Augusto Mota.

12/12/2007

de um exercício escolar:"sublinhar as expressões..."



o voo livre da ave
é um traço no azul da tarde -
um simples traço branco.
mas das vozes que ouço,
desse rumor fraterno dos homens,
nasce um canto de amor -
o voo da ave,
livre, pelo céu macio,
sublinha o canto.


António Simões, 1970.
Textos Transversais de Augusto Mota.

10/12/2007

Convite

A Folheto Edições & Design com a colaboração do Elos Clube de Leiria e eu ,como um dos autores ,temos o prazer de convidar V. Excia e Família para o lançamento do livro
I Antologia de Poetas Lusófonos
dia 15 de Dezembro de 2007 ,pelas 16 horas ,no Auditório da Região de Turismo de Leiria/Fátima, em Leiria
Com a participação de 81 Poetas de 9 Países e 244 Poemas ,esta obra ,com o objectivo de promover a Língua Portuguesa, será apresentada por Arménio Vasconcelos, Presidente do Elos Clube de Leiria, e Adélio Amaro, Coordenador Editorial.
Haverá um momento de poesia com a participação de vários poetas e ainda um momento musical com composições e direcção do maestro Vicente Narciso e vozes de Dina Malheiros, Genealda Sousa e Lucília Narciso.

04/12/2007

AQUI-AMANHÃ .3 amor


puseram algemas em minhas mãos
e elas ficaram nuas,
para apertarem as de todos os irmãos,
noutras minhas também, as tuas.
Poemas de António Simões
Fotografias, Composição e Arranjo Gráfico de Augusto Mota.

03/12/2007

Fotopoemas 71, 72 e 73



Fotopoemas de Augusto Mota sobre poemas de gabriela r martins e Carlos Alberto Silva.

29/11/2007

Na génese dos frutos

Na génese dos frutos, algum anjo deixou cair as suas asas,
lavrando o trigo, o orvalho, o silêncio sagrado,
as árvores do mundo.
Nas planícies resplandecentes, vivo até ao seu último degrau.
Na matéria destruída vivo, cresço.
No domínio das trevas, trabalham os deuses,
os altares, os livros por dentro, as muralhas sagradas.
Pouco a pouco, escuto as portas, os ruídos,
os labirintos de febre, o fulgor das brancas alavancas.
Nas ruas, viajo com a bruma, a chama, o alecrim.
Nas vielas antigas, vivo, cresço.
Nas fachadas barrocas, habita o ouro, o esmalte,
o azul, um violino.
Nos montes, há feno, névoa, nascentes eternas,
santuários sumptuosos, flores de rosmaninho.
Na fonte do Ídolo, uma oferenda, uma inscrição,
um culto antigo -
uma deusa de nome Nabia abençoa o lugar
onde o silêncio flui e os lábios se reúnem.
Nos muros da Sé, uma pedra recorda uma inscrição
de uma sacerdotiza da deusa Ísis.
Às portas da cidade, sou ritmo de chuva, alfazema,
luzeiro de estrelas,
eco da cidade indígena, romana, medieval.
Subo pelas lâmpadas, pelas asas, as alamedas,
os jardins, as janelas brancas.
Em sílabas dormentes, lavro todas as sínteses,
entre cinza, broquéis, coroas de ouro.
Berço de mim, corola acesa, meu corpo é litania,
ardor, dourada semente.
Na pedra indissolúvel, habito a pedra, as criptas, a luz.
Na memória errante, paira o meu nome,
cálice, flor, lira ancestral,
colina verde, lua vaporosa, sacrário do tempo.


Maria do Sameiro Barroso, in "Mealibra", nº 21, Centro Cultural do Alto Minho, Outono 2007, pp. 139-140.
Textos Transversais de Augusto Mota.

25/11/2007

1052 .Emily Dickinson ( 1830-1886 )


I never saw a Moor-
I never saw the Sea-
Yet know I how the Heather looks
And wath a Billow be.
I never spoke with Good
Nor visited in Heaven-
Yet certain am I of the spot
As if Cheeks were given-
_____________________
Nunca vi uma Charneca-
Nunca vi o Mar-
Todavia sei que aspecto tem a Urze
E o que uma Onda é sei imaginar
Nunca falei com Deus
Nem visitei no Céu a sua mansão-
Todavia tenho a certeza do lugar
Como se tivesse o Mapa na mão
Emily Dickinson,
in "Antologia de Poesia Anglo-Americana - de Chaucer a Dylon Thomas", ( edição bilingue ), selecção, tradução, prefácio e notas de António Simões, ed. Campo das Letras, 2002, pp.334-335.
Fotografia e Arranjo Gráfico de Augusto Mota.










18/11/2007

fogo de artifício

Hoje há festa. Subo ao céu da noite agarrado à cana de um foguete de luzes e, de repente, sinto-me pairar sobre o arraial, envolto em flores de mil cores. É fogo este artifício que inunda os olhos e queima as mãos. É de artifício este fogo que desabrocha antecipadamente em nova Primavera, enquanto pétalas de luz desfazem por entre os dedos, riscando a noite em todas as direcções.
É efémera esta viagem aos confins do tempo! Mas os olhos querem ir sempre mais além do que as mãos podem tocar. Por isso voamos sobre a noite da festa, entre foguetes e luzes. Por isso imaginamos o adro, lá em baixo, ornado de recordações e sabores. É o passado que vem até nós, agora na forma de arcos ornados de flores recortadas em papel de seda e cheiros típicos dos Invernos gelados, só aquecidos pelas fogueiras de rua e pelo café da púcara, assente à pressa com uma brasa viva bem soprada. Chega-nos ainda o som das bandas de música dos dois coretos, a tocar ao desafio, enquanto pares de ocasião volteiam à vontade na estrada, até que algum automóvel vem interromper a dança. Que depois segue, ainda mais animada.
Tudo vemos aqui de cima. O tempo. O espaço. A memória. A festa de hoje.
O fogo de artifício continua a subir e o céu já está cinzento de tanto fumo. Vou descer agarrado a um dos minúsculos pára-quedas azuis que um foguete de luzes espalhou, agora mesmo, ao redor da noite.
Tudo vimos lá de cima. O tempo. O espaço. A memória. A festa de sempre.

Augusto Mota, inédito, in "Geografia do Prazer", 2000.
Textos Transversais de Augusto Mota.

15/11/2007

manhã, manhã, manhã

onde quer que estejas,
sê quanto és:
na solidão da rua,
na solidão da casa,
teu pensamento mantenhas
numa linha clara;
e lá dentro de ti,
na solidão que és,
acende tua fogueira:
arda tua esperança,
tuas horas lúcidas
aquelas em que foste
coração do mundo
gerando a manhã.
e nasça e irrompa
na fogueira clara,
tua alma, teus dedos
acariciando o fruto,
asa de frescura,
a paz apetecida,
da negada manhã.

sê quanto és
sê intenso e claro;
aperta em teus dedos
o fruto conseguido;
aperta, dá-lhe a forma
do vento que te leva
pelo coração dos outros -
ai asa de ternura,
coração do mundo
sangrando a manhã.
e na noite que te envolve
mantém a alma acesa

fermentando o DIA.



Poema inédito de António Simões
Fotografias de Fernanda Sal Monteiro, em Paris.

13/11/2007

um grão de texto musical

encontrei na minha pauta
um grão de música disforme
vindo de qualquer acorde
soprado na minha flauta
onde dormia obscura fome
num dó num ré num sol afogado
que fazer com aquele grão
na minha pauta encrostado
vibrando na minha mão
por meus lábios encontrado
José Ribeiro Marto ,inédito ,in "a celebração dos dias"
fotografias de Fernanda Sal Monteiro ,em Paris
edição do filme - gabriela r martins.

08/11/2007

a estação fértil

Fértil é a estação do ano onde proliferam as angústias que, como folhas de árvore amarelecidas pelo tempo, descem, suavemente, em nossas mãos outonais. Também elas - as mãos - vão deixando cair no esquecimento as memórias dos dias que ainda não antecipavam nada para além do que, sofridamente, iam desenhando no horizonte áspero e branco do papel. Também elas, silenciosamente, nos arrastavam - e arrastam - até esse horizonte onde a espera é sempre igual ao cansaço das noites passadas entre viagens e vertigens, entre fendas e fugas, sobre precipícios perdidos à beira de caminhos sem pontes visíveis entre as margens do delírio e as da imaginação fértil. Assim ficámos - e ficamos -, permanentemente, à ilharga da madrugada, sem nos atrevermos a escalar outras dificuldades para além das que os olhos pressentiam - e pressentem - e as mãos conseguiam - e conseguem - dominar.
Fértil é a noite onde proliferam as sendas sinuosas dos desencontros que, como rios de fogo, avançam pelas vertentes áridas da angústia a caminho das várzeas verdes da esperança. Mas que esperança podemos esperar depois de todas as colheitas terem desaparecido debaixo da lava incandescente de tanta espera?!
É pelo sossego da noite, antes de as mãos, cansadas, adormecerem encostadas ao brilho sôfrego dos olhos, que empreendemos as grandes viagens por entre os espaços vazios da música e do silêncio. Seguimos a magia das palavras que nos vão acordando os passos incertos e os significados menos esperados, sempre a caminho da memória das cores e das coisas. E dos cheiros que, por vezes, arrastam consigo o saber e o sabor do passado.
Fértil é a viagem por entre os silêncios da música, quando tudo parece ir acabar em breve e sentimos a pressa das mãos por cima das letras que vão escrevendo as palavras que, inesperadamente, vêm ao nosso encontro. Mas nem sempre elas conseguem evocar todas as imagens que vivem agarradas à memória dos aromas vários de uma merenda de trabalhadores por entre paveias de pasto acabado de cortar, ou agarradas à memória do cheiro ácido e quente da terra abençoada pelo bico de uma charrua, enquanto as leivas deslizam pelo aço luzidio da folha, pondo a descoberto os pequenos bolbos da erva-canária, ou trevo-azedo ( Oxalix pes-caprae ), que, à noite, antes da ceia, torrávamos na lareira da infância, junto ao brasido. Por isso desesperamos. Por isso viajamos, entre o ontem e o futuro que as palavras antecipam a cada esquina dos seus e dos nossos próprios sentidos.
Férteis são todos os sentidos do corpo e das palavras .Por isso, só ficamos apaziguados quando as mãos conseguem desenhar, letra a letra, as imagens vivas que arrastam os olhos e a memória pelos íngremes atalhos do corpo, onde já se pressentem as vertigens de uma viagem, sem retorno, ao centro da própria noite.

Augusto Mota, inédito, in "A Geografia do Prazer", 2000.
Fotografias e composições de Augusto Mota sobre poemas de Maria Toscano e Carlos Alberto Silva.

04/11/2007

Sonnet XVIII


Shall I compare thee to a Summer's day?
Thou art more lovely and more temperate.
Rough winds do shake the darling buds of May,
and summer's lease hath all too short date.
Sometime too hot the eye of heaven shines,
and often is his gold complexion dimmed;
and every fair from fair sometimes declines,
by chance or nature's changing course untrimmed.
But thy eternal summer shall not fade,
nor loose possession of that fair thou ow'st,
nor shall Death brag thou wand'rest in his shade,
when in eternal lines to time thou grow'st.
So long as men can breathe or eyes can see,
so long lives this, and this gives live to thee.

William Shakespeare ( 1564-1616 )
Tradução de António Simões
Fotografia de Fernanda Sal

Arranjo gráfico de Augusto Mota.

01/11/2007

divirtam-se ,srs professores...

...se isso vos apraz!

....................pai

quero.me na criança que atravessa
o quarto desenhado a preto e
branco e
onde guardo os abraços firmes
de meu pai

tenho.o na imagem que revejo e
nos barcos que deixam
sós
o cais

são como eu feitos
de gritos
e de silêncios
vagos

revejo.me na criança que brinca
à cabra cega e ao arco e
sinto.a tão próxima de mim
que tenho medo de perdê.la
ao acordar

há um ritmo em cada estação de vida
e a paragem mais próxima
do teu nome

pai

é o verbo a conjugar

___________________________

ainda digo mãe
mas pai já não
quando o digo
é um sussurro
estranho quase mudo
espero um pouco
tenho uma festa no cabelo -
como se da vida inteira
nesse instante tivesse tudo

1ºtexto - gabriela r martins ,inédito ,"canto.chão"
2º texto - josé r marto ,inédito
edição - gabriela r martins.

31/10/2007

cantos de outro tempo - 1ª série


1. esperança
noite funda, amor;
absurda e louca noite longa
em que ninguém adormece.

tua mão na minha - uma flor!
( a esperança que o amor prolonga )
- e em nossas mãos amanhece!


2. sim
irmão, é aqui -
é aqui que o mumdo acaba e principia,
onde as crianças riem dos mistérios

e os rios correm sem metáforas;
onde os homens de pedra envelhecem
e os deuses ressonam e cheiram mal dos pés:
é aqui.
AQUI-AMANHÃ


António Simões, inéditos, "cantos de outro tempo".
Textos Transversais de Augusto Mota.

24/10/2007

a faina maior

Os comboios partem antes de nos transportarem ao destino mais conveniente .Sem bilhete, nem moeda corrente, como num pesadelo, acordamos no cais de embarque de uma apressada estação ferroviária, estranha e estrangeira, onde não há ligação, em tempo útil, para o interior de nós.
Há mulheres a abraçar despedidas e a oferecer os doces tradicionais dos grandes entroncamentos ferroviários . Já não sabemos para onde vamos. Vamos. E sujeitamo-nos a viajar numa carruagem em jeito de bancada, na companhia de altas patentes de um exército da noite, como se assistíssemos à final de um jogo de guerra. Iniciamos a viagem. O revisor começa a sua tarefa. Sem bilhete, disfarçamos a angústia atrás dos galões reluzentes dos generais que connosco viajam para um campo de batalha desconhecido. O revisor, agora também ele general, toma o comando das operações e o comboio apita em direcção ao cais dos lugares que nos hão-de levar a uma Terra Nova qualquer, onde a faina maior será a pesca à linha das nossas próprias emoções.
Os pesadelos da noite antecipam sempre, teimosamente, as angústias que se alimentam da memória de ontem. Por isso os dias pesam mais sobre o corpo. Por isso, as mãos, exaustas, adormecem junto à fogueira, quando lhes apeteceria mais traçar, nos mapas do tempo, as rotas de outras viagens. Por isso os olhos, atentos, se ausentam na distância que vai de uma estação ao cais da madrugada do dia seguinte. Por isso.

Augusto Mota, inédito, in "Geografia do Prazer", 2000.
Textos Transversais de Augusto Mota.

21/10/2007

as mãos

as mãos
as mãos todas
as mãos de toda a gente
as mãos de todas as coisas-
as mãos das árvores e das nuvens
as mãos das pedras e das flores
as mãos dos pântanos e dos rios
as mãos da terra e do mar;
tudo e toda a gente de mãos dadas
a lançar a semente da seara futura-
e as mãos do vento a escrever ternura no ar.
( para si ,Contra.Almirante ,o primeiro a cair nas "garras" do
grumete ,uma nova experiência ,feita com muita amizade ... e
não se zangue com sua - dele - ousadia )

16/10/2007

....................o verbo

uma experiência que ofereço aos meus amigos:
Fernanda Sal Monteiro
e
Augusto Mota
( como ,ainda ,não domino a técnica da filmagem ,com o à vontade que desejo ,não me atrevo a brincar com os vossos textos ... mas lá chegarei .prometo a toda a tripulação! )

13/10/2007

photoetrys ( da imagem ao texto )


uma pequena brincadeira de principiante também aqui

03/10/2007

Entregas

olha a minha pele, esta chama vermelha e azul
ardendo como papel, vibrando como lume
olha esta demora pelo corpo pelo cutelo
pala vibração do sangue pela tensão, estou mudo
olha a minha pele, a cor castanha, a veia negra, vermelha
olha este pulsar de mão, esta franca distensão, a veia azul

olha a minha pele nua, escura, tecendo como agulha
o risco, e nela o florescer do tempo neste instante
na corrente das horas permanece quente, dura
olha a minha pele, a carne, o lume que incendeia
continua aceso, agora o sangue alumia
e a nossa obsidiante teia irradia
a vibrante, a perfeita, a inconclusa teia.
olha a minha pele, olho a tua nela
no momento incandescente morremos
com a pulsão dos dentes mordemos
a luz comovente, aberta da janela
José Marto, inédito, 2006.
Fotografia e composição de Augusto Mota sobre poema de Maria Toscano.

30/09/2007

minha mãe

Fotografias e composição cromática de Augusto Mota sobre poemas de António Simões

23/09/2007

cinco variações para o mesmo tema - Outono

I
canto por ti o vento
a vida
em mês de Outono
e
a folha
guarda o sentido
oculto
.em mim.

II
na sagração
das árvores
nuas
celebra.se o ritmo
e a dança
o vento
em tom de liberdade
.outono.

III
a folha
sela o sagrado
e
o profano
.outono em mim.


gabriela r martins ,in "canto.chão".
fotografias e composições de Augusto Mota sobre poemas de António Simões e gabriela r martins.

12/09/2007

Voa meu Corpo

3. Voa meu corpo
Voa, meu corpo,
na brisa do vento,
no bafo do suão
que arde violento
e varre as planuras
como um lobo de lume -
Voa ,meu corpo,
ancorado na luz.
4. Falávamos do tempo
Falávamos do tempo -
Tocaste-me ao de leve os cabelos
e foste abrindo clareiras para o vento passar;
perto, uma mulher cantava em surdina,
num quintal, encostada a um muro de pedras soltas -
O sol do Alentejo cegava-nos as palavras:
o que íamos dizendo sobre o tempo
escorria-nos agora dos nossos olhos
ancorados na luz.


António Simões ,inéditos , 1999.
Composições de Augusto Mota sobre poemas de António Simões.

05/09/2007

miosótis



Como um anjo persa descemos do trono para semear, como penitência, miosótis ( Myosotis scorpioides ) pelos campos alagados dos territórios da ausência e do sonho. Assim não vamos esquecer o trajecto dos olhos a caminho de umas mãos agora vazias dos frutos da véspera. Vamos, pois, esperar pela estação própria, quando na terra húmida germinar uma delicada renda vegetal para, então, bordar uma coroa de singelas flores azuis nas mãos frescas da madrugada e, com elas assim enfeitadas, subir a grande escadaria que antecede o arco-íris de todas as sensações. De lá de cima espalharemos aos quatro ventos sementes de bonina ( Bellis perennis ) que também hão-de germinar em abundância por montes e vales, assim perpetuando a memória dos dias claros.
E pelos bosques do arco-íris descansaremos os sentidos ao longo de veredas orladas de pervinca ( Vinca minor ), enquanto aguardamos o desabrochar do azul-violáceo de suas flores. Com elas faremos um filtro raro que acautele a distância do tempo e traga de volta o feitiço das noites quentes, quando as vozes chegam de muito longe, de tão longe que apenas adivinhamos o verdadeiro rosto das palavras, embora o saibamos coroado de miosótis e de boninas.
E pelos lagos que animam a frescura destes bosques havemos de procurar o nenúfar ( Nymphaea alba ) e o golfão-amarelo ( Nuphar luteum ) para com os seus pedúnculos e flores, pacientemente, fazer os colares honoríficos que irão distinguir os bons serviços prestados por nós mesmos, em nosso proveito próprio.
Assim frutifiquem todas as sementes que lançámos aos ventos do sonho!
Augusto Mota, inédito, in "Geografia do Prazer", 2000.
Fotografias e Composição de Augusto Mota.

03/09/2007

Dizendo




Nas veias remotas do rosto do descampado,
no branco véu oculto, nas pedras , na sede
ou na água do próprio gado
está outro deus presente,
talvez do mar profundo
a ressomar no retolhado.

Nunca pronunciei bem certas palavras -
sempre traído pela escuridão fonética
das espadas da minha fala

digo castelo
e de guerreiro fiel ao dizê-lo,
visto à espreita no vale a minha pele
digo cruz ,digo rei
digo magoada solidão
e nela a cruz da mulher da grei

o deus nos olhos é de mágoa
as preces longínquas nas estradas
são de água

digo desembainhada espada,
o mesmo é dizer uma flor branca,
saída do colo de uma princesa perdida

digo sal e uma barca salta dos dedos
aos olhos do guerreiro
escondido, atento ao rio

nunca pronunciei bem certas palavras -
sempre traído pela escuridão fonética
das espadas na minha fala
a ver rezar:
- à outra, à mesma ou à sobreposta pedra
in a celebração dos dias

José Marto, inédito.
Fotografias de Augusto Mota.




31/08/2007

Excessos




3. Excessos

Excessiva, esta emoção
de fim de tarde -

Excesso
de quem traz dentro do peito
o universo
e sente rebentar-lhe o coração
porque a alma já não cabe

4.Ninguém Mais

Numa galáxia distante,
um pássaro pousou
numa pedra
num som quase imperceptível de veludo -
Ninguém mais o ouviu em todo o universo
senão minha alma que ouve e sabe tudo

5.Tão leve Que Fica

Há os que passam na rua
e mal tocam o chão,
têm passos de lua,
tão leves que vão.

O amor que é pesado,
e pesa um milhão,
neles é levitado
porque aos outros se dão.
São mistérios do amor
que assim se multiplica:
a alma do doador
deu tudo, ficou mais rica.
Quando a alma se eleva,
o corpo logo levita,
de amor tão pesado
tão leve que fica.

António Simões, poemas inéditos
Brian Eno, "The Plateau of Mirror, First Ligth" and "Becalmed"

26/08/2007

48 .silogismo









Era um jardineiro -filósofo. Cada flor
acarinhada seria a enunciação de
uma premissa. A exuberância dos
canteiros a conclusão lógica de tão
aromáticas proposições
.

Augusto Mota, in "Sujeito Indeterminado"
Montagem de gabriela r martins sobre fotografias de Augusto Mota.

Swan Lake - Pas de Deux .Polina Semionova e Vladimir Malakhov

23/08/2007

2. O Cálice dos Olhos

Estendes o olhar -
o cálice dos olhos! -
e nele recolhes,
gota a gota,
a derradeira luz do dia -
Uma asa tardia de andorinha,
retida nessa última gota,
vai ficar voando
no infinito de teus olhos.
Com ela,
tonta ainda,
( tontos os dois! )
do vinho avermelhado do poente
que te enche o cálice
até à borda,
atravessas o sono e o sonho,
e, num ruflar macio de asas,
irás, por fim, pousar
junto ao pequeno charco de luz
onde nasce o dia.

Exausta
da travessia-embriaguez da noite,
a andorinha tua alma
ainda dorme
no aconchego das pálpebras,
no silêncio desta página -

Viremo-la, pois,
sem rumor,
e passemos,
pé-ante-pé
ao próximo
poema



António Simões, inédito.
Composições de Augusto Mota sobre poemas de António Simões.