

... cantam as nossas almaspara o nosso Almirante
uma salva de palmas ... FELICIDADES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! deseja.lhe a tripulação - dos Contra Almirantes ao Grumete


... cantam as nossas almas
Hoje a cidade anoiteceu envolta em névoa, como se o rio transportasse, desde as fontes que o alimentam, uma outra e nova dimensão para as coisas e para as pessoas que actuam para lá do ténue pano de boca, onde os actores continuam a cumprir o seu papel numa extenuante récita diária. As luzes multiplicam-se, difusas, em miríades de minúsculas gotas de água e os sons desprendem-se, abafados, do trânsito que se escoa para os arredores. As lojas fecham as portas e as ruas parecem ter um só sentido: todas se dirigem para casa. A cidade, agora silenciosa, transforma-se, subitamente, nos arredores de si mesma, enquanto montes e fontes se povoam de sonhos e pela alcáçova do castelo esvoaça a sorrateira coruja-das-torres ( Tyto alba ) e o veloz rasante morcego-anão ( Pippistrellus pippistrelus ). Senhoriais, os mastins arremetem contra a noite, imaginando faunos a correr pelos bosques de ulmeiros ( Ulmus procera ) ao som de um prelúdio de Debussy. Eles, os mastins, são os guardas da noite e da névoa. Serão, também, os guardas da madrugada. Que encantamento é este que recupera as cavalgadas pelas paisagens da História? Teremos de subir à Torre de Menagem e, de lá de cima, lançarmos o sonho sobre noite intensa, fazendo-o esvoaçar três vezes à volta da cidade adormecida. Assim se quebrará o mau agoiro. E, assim, viajaremos no tempo, para norte, até aos Campos de Ulmar e poisaremos, de mansinho, no Porto da Ruivaqueira para ir, rio abaixo, até à foz do Lis. Passaremos por muitos outros portos, sempre guiados por um vistoso e irrequieto guarda-rios ( Alcedo atthis ). Passaremos pelo Porto da Bóca, pelo de Monte Real, e da Caravela, e da Passagem, e da Galeota, até o sonho e o rio encontrarem as águas da maré-cheia. Aí lançaremos âncora à espera que a corrente da vazante nos arraste, sem esforço, pelo mar dentro, rumo à realidade. Entretanto é manhã. O sol acarinha os últimos vestígios de névoa e a cidade afasta-se dos arredores. As ruas voltam a ter dois sentidos. Augusto Mota, in "Geografia do Prazer", inédito, 2000. __________________________Friedrich Schiller
Glória Maria Marreiros,
a primeira deste grupo,
acrescentou ...
para
Gabriela Rocha Martins
terminar ...

( com um blogger "feminista" )
... o desafio lançado pelo
jardineiro/filósofo Augusto Mota
o dia 1 de Janeiro de 2007
e três novos poemas
de três Marias

maria do sameiro barroso
maria toscano
maria gomes
que responderam , também elas ,ao jardineiro/filósofo Augusto Mota
_________________________ para todos os nossos Amigos e Visitantes