Uma vez mais, no
auditório do m|i|mo – museu da imagem em movimento – com a
ajuda técnica do Dr. Mário Coelho e sob a responsabilidade do grupo Trestúlias aconteceu mais um “Café com Livros”, hoje com o título de
“Imagens Lidas”, tendo como
convidado Augusto Mota.
O convidado e as Trestúlias: Rosa Neves, Lídia Raquel e Cristina Barbosa
Porque fez um ano de
existência, “Café com Livros” quis
destacar cinco Tertulianos pelo seu envolvimento muito particular nestas
tertúlias: Belinha Schaden, Wolfgang Schaden, Mª de Lurdes Delgado, Manuel Mª
Delgado e Mª de Lourdes Quental.
Rosa Neves distribuindo os sacos-surpresa
“Café com Livros” também surpreendeu os tertulianos com um presente
personalizado: Quadras escritas em sacos
de pão…
No preâmbulo das “Imagens Lidas” abriu o mote David
Teles com a leitura do poema “O Pão e a
Culpa”, de Vitorino Nemésio.
David Teles lendo o poema de Vitorino Nemésio "O Pão e a Culpa"
E para apresentar “Imagens Lidas” veio “Gente da Nossa Terra”. Gente ilustre,
mas discreta, como costumam ser os construtores de ideias e de ideais. Augusto Mota, um pensador, artista,
mestre, amigo, uma mente enredada num exercício de criação constante…
Rosa Neves apresenta o convidado
Com um percurso
riquíssimo de produção artística, Augusto
Mota faz parte de uma geração que marcou a cultura da sua época com o traço
da irreverência e do futuro. Cidadão de méritos reconhecidos tem uma vasta,
valiosa e multifacetada obra que vai desde a pintura, o mosaico, a gravura, a
publicidade, a ilustração, o cinema e a escrita.
O Professor Doutor Jorge Arroteia escreveu acerca da sua pessoa: “Modesto no seu dia-a-dia,
afável no trato, mestre nos conhecimentos, benfeitor de instituições da sua
terra (…) reconheço neste colega e amigo um exemplo de vida e merecedor do
nosso reconhecimento (...).
Cristina Barbosa, Lídia Raquel, Cristina Delgado, Mariana Neves e David Teles
Em jeito de agradecimento
pela sua presença neste “Café com
Livros” Augusto Mota foi
surpreendido com a leitura, por parte de vários participantes, de textos do seu
livro «Sujeito Indeterminado – breviário
de textos brevíssimos», Leiria 2005, livro onde, segundo
Alberto Pimenta, o autor “articula e
desarticula e sinteticamente questiona o sentido do sentido, com permanentes
subentendidos de longo alcance.”
Minha mãe amassa a rosa
Que arde depois do Inverno -
E porque o amor se renova,
Seu calor vai ser eterno.
Do seu caderno de prosa «quadriculado»,
Coimbra 1959, foram lidos,
respectivamente por David Teles e Mariana Neves, os textos “génese” e “a guerra das
cores”, textos que revelam a sensibilidade com que o autor, já nessa época,
abordava a exaltação de uma realidade pensada, artisticamente profícua, em
oposição a um realismo meramente descritivo e ausente de força criativa.
No ecrã dados sobre o livro «Minha mãe amassa o pão»
Explicando como foram realizadas as ilustrações digitais
David Teles evocou ainda
o livro «Juntos por Loro Sae», Leiria 1999, uma
antologia de poemas e ilustrações de vários autores, cujos lucros de venda
reverteram a favor de Timor Loro Sae. Desta obra o David leu o texto com que
Augusto Mota nela colaborou: ”Lorosae”.
Informando sobre o percurso da exposição «Quadras&Quadros», depois de Beja
«Quadras&Quadros» na Confraria do Pão» (Alentejo), 2001
Recordando a exposição das ilustrações digitais na galeria da livraria Arquivo, 2003
Porque as tertúlias são
feitas também de momentos improváveis, um participante - Daniel Abrunheiro -
apresentou-se publicamente a Augusto
Mota como um seu admirador e amigo virtual, que neste dia o veio conhecer,
realmente, e ali mesmo lhe ofereceu e leu um soneto a ele dedicado.
Econtro inesperado com Daniel Abrunheiro
Aspecto parcial da assistência
Em ambiente descontraído,
o Convidado presenteou todos com a apresentação de uma “exposição virtual”: as
ilustrações digitais que fizera sobre 30 quadras do livro do poeta António
Simões «Minha Mãe Amassa o Pão»,
exposição que intitulou “Quadras&Quadros”,
apresentada ao público pela primeira vez em Beja, na 2ª Festa do Livro, em
2001, aquando do lançamento do livro de 111 quadras, edição da Câmara Municipal
de Beja. Posteriormente esta exposição esteve em outras terras do Alentejo, em
Leiria em 2003, na Arquivo, e no SAAL 2004, nas Cortes.
Com António Simões, de quem foi apresentada uma breve biografia,
colabora Augusto Mota desde os anos 50 (ainda estudantes em Coimbra),
ilustrando poemas seus, tanto para exposições de poesia, como para publicação
em jornais ou, mais recentemente, em blogues.
Lendo um texto de sua autoria a pedido de Daniel Abrunheiro
Daniel Abrunheiro lê um texto de Augusto Mota, a pedido do autor
Na voz de Cristina
Barbosa, Lídia Raquel, Cristina Delgado, Mariana Neves e David Teles foram
sendo lidas as 30 quadras do livro «Minha
Mãe Amassa o Pão», à medida que as respectivas ilustrações digitais iam
sendo projectadas no ecrã. Ilustrações que Augusto
Mota passou, depois, a explicar, cativando a atenção de todos os
tertulianos e amigos com a sua prosa escorreita e genuína, dando a este “Café com Livros” um autêntico sabor a
Alentejo e a pão.
Acabou de chegar o pão...
... ainda quentinho!
A força das imagens
sugestionou os presentes, a tal ponto, que pensavam ser só sugestão o cheirinho
do pão acabado de cozer… mas não era! Era mesmo pão acabado de cozer na “Aldeia
dos Sabores”! Cada qual abriu o seu saco de papel, previamente distribuído, e
acolheu o pão como símbolo de um ritual de sobrevivência, comunhão e partilha.
Distribuindo o pão
Sinal da intemporalidade
da sua obra, do seu saber e de si próprio, Augusto
Mota reuniu nesta tertúlia amigos de vivências, geografias e idades
diversas. O mérito é todo seu! O privilégio de o ter tido em “Café com Livros” será sempre nosso.
.... mas a distribuição do pão continua !
Pela extensão,
diversidade e actualidade da sua obra, voltaremos a conversar com o convidado de hoje, noutro “Café com Livros”, numa data a
combinar…
Até sempre e Obrigada
Amigo!
O Dr. Mário Coelho, do m|i|mo, nosso imprescindível colaborador !
“Café Com Livros” agradece a todos o contributo
valioso da sua presença e voltará acontecer no 4º sábado do mês de Maio, num
lugar a combinar…
Até lá, não recusem:
Um café quente
Um livro fresco
Uma ideia nova!
Texto de Rosa Neves