27/03/2014

Soneto surpresa





Conheci Augusto Mota em pessoa(s)
- foi em Leiria, sábado, 22 de Março de 2014.
Fiz-lhe um soneto, trouxe um pão. 






O QUE NOS DER O DIA


                            XV

Vou hoje ver e ouvir o senhor Augusto Mota.
Isto decorre no sábado, Março-Marçagão.
Ao alto viceja o Castelo, do qual a cota
eu só azimuto por aproximação.

O senhor que é Augusto augustamente persegue
a rosa do dizer ficado por escrito.
Sem dito prescrito, persegue ele a rosa
por ser da Ortigosa & do Portugal pequenito.

Vou vê-lo agora, sentir que nos diz.
Oxalá muitos anos o tornem feliz.
É na Cerca do Castelo, mesm’ ao pé da Polícia.

Eu fui convidado. Venho sem malícia
ser grato & presente & gente por demais.
Poesia é a palavra feita gente. Nem menos, nem mais.


Daniel Abrunheiro


Ilustração: Arte Postal, desenho de Augusto Mota sobre um postal dos CTT, Leiria, 1963.

Enviado para Pedro Frazão, Queluz. Título no remetente: "Sequência hiper-trófica de uma montanha-russa objectivada".



26/03/2014

Tertúlia Café com livros









Uma vez mais, no auditório do m|i|momuseu da imagem em movimento – com a ajuda técnica do Dr. Mário Coelho e sob a responsabilidade do grupo Trestúlias aconteceu mais um “Café com Livros, hoje com o título de “Imagens Lidas, tendo como convidado Augusto Mota.

O convidado e as Trestúlias: Rosa Neves, Lídia Raquel e Cristina Barbosa
Porque fez um ano de existência, “Café com Livros quis destacar cinco Tertulianos pelo seu envolvimento muito particular nestas tertúlias: Belinha Schaden, Wolfgang Schaden, Mª de Lurdes Delgado, Manuel Mª Delgado e Mª de Lourdes Quental.




Rosa Neves distribuindo os sacos-surpresa



“Café com Livros” também surpreendeu os tertulianos com um presente personalizado: Quadras escritas em sacos de pão…


 


No preâmbulo das “Imagens Lidas” abriu o mote David Teles com a leitura do poema “O Pão e a Culpa”, de Vitorino Nemésio.


David Teles lendo o poema de Vitorino Nemésio "O Pão e a Culpa"


E para apresentar “Imagens Lidas” veio “Gente da Nossa Terra”. Gente ilustre, mas discreta, como costumam ser os construtores de ideias e de ideais. Augusto Mota, um pensador, artista, mestre, amigo, uma mente enredada num exercício de criação constante… 


Rosa Neves apresenta o convidado
 
Com um percurso riquíssimo de produção artística, Augusto Mota faz parte de uma geração que marcou a cultura da sua época com o traço da irreverência e do futuro. Cidadão de méritos reconhecidos tem uma vasta, valiosa e multifacetada obra que vai desde a pintura, o mosaico, a gravura, a publicidade, a ilustração, o cinema e a escrita.
O Professor Doutor Jorge Arroteia escreveu acerca da sua pessoa: “Modesto no seu dia-a-dia, afável no trato, mestre nos conhecimentos, benfeitor de instituições da sua terra (…) reconheço neste colega e amigo um exemplo de vida e merecedor do nosso reconhecimento (...).


Cristina Barbosa, Lídia Raquel, Cristina Delgado, Mariana Neves e David Teles


Em jeito de agradecimento pela sua presença neste “Café com Livros” Augusto Mota foi surpreendido com a leitura, por parte de vários participantes, de textos do seu livro «Sujeito Indeterminado – breviário de textos brevíssimos», Leiria 2005, livro onde, segundo Alberto Pimenta, o autor “articula e desarticula e sinteticamente questiona o sentido do sentido, com permanentes subentendidos de longo alcance.”



Minha mãe amassa a rosa
      Que arde depois do Inverno -
   E porque o amor se renova,
                                                                                     Seu calor vai ser eterno.


Do seu caderno de prosa «quadriculado», Coimbra 1959, foram lidos, respectivamente por David Teles e Mariana Neves, os textos “génese” e “a guerra das cores”, textos que revelam a sensibilidade com que o autor, já nessa época, abordava a exaltação de uma realidade pensada, artisticamente profícua, em oposição a um realismo meramente descritivo e ausente de força criativa. 




No ecrã dados sobre o livro «Minha mãe amassa o pão»
Explicando como foram realizadas as ilustrações digitais
David Teles evocou ainda o livro «Juntos por Loro Sae», Leiria 1999, uma antologia de poemas e ilustrações de vários autores, cujos lucros de venda reverteram a favor de Timor Loro Sae. Desta obra o David leu o texto com que Augusto Mota nela colaborou: ”Lorosae”
   

Informando sobre o percurso da exposição «Quadras&Quadros», depois de Beja



«Quadras&Quadros» na Confraria do Pão» (Alentejo), 2001

Recordando a exposição das ilustrações digitais na galeria da livraria Arquivo, 2003
Porque as tertúlias são feitas também de momentos improváveis, um participante - Daniel Abrunheiro - apresentou-se publicamente a Augusto Mota como um seu admirador e amigo virtual, que neste dia o veio conhecer, realmente, e ali mesmo lhe ofereceu e leu um soneto a ele dedicado.


Econtro inesperado com Daniel Abrunheiro

 
Aspecto parcial da assistência


Em ambiente descontraído, o Convidado presenteou todos com a apresentação de uma “exposição virtual”: as ilustrações digitais que fizera sobre 30 quadras do livro do poeta António Simões «Minha Mãe Amassa o Pão», exposição que intitulou “Quadras&Quadros”, apresentada ao público pela primeira vez em Beja, na 2ª Festa do Livro, em 2001, aquando do lançamento do livro de 111 quadras, edição da Câmara Municipal de Beja. Posteriormente esta exposição esteve em outras terras do Alentejo, em Leiria em 2003, na Arquivo, e no SAAL 2004, nas Cortes.
Com António Simões, de quem foi apresentada uma breve biografia, colabora Augusto Mota desde os anos 50 (ainda estudantes em Coimbra), ilustrando poemas seus, tanto para exposições de poesia, como para publicação em jornais ou, mais recentemente, em blogues.

 

 Lendo um texto de sua autoria a pedido de Daniel Abrunheiro

Daniel Abrunheiro lê um texto de Augusto Mota, a pedido do autor


Na voz de Cristina Barbosa, Lídia Raquel, Cristina Delgado, Mariana Neves e David Teles foram sendo lidas as 30 quadras do livro «Minha Mãe Amassa o Pão», à medida que as respectivas ilustrações digitais iam sendo projectadas no ecrã. Ilustrações que Augusto Mota passou, depois, a explicar, cativando a atenção de todos os tertulianos e amigos com a sua prosa escorreita e genuína, dando a este “Café com Livros” um autêntico sabor a Alentejo e a pão.


 
Acabou de chegar o pão...
 
... ainda quentinho!

A força das imagens sugestionou os presentes, a tal ponto, que pensavam ser só sugestão o cheirinho do pão acabado de cozer… mas não era! Era mesmo pão acabado de cozer na “Aldeia dos Sabores”! Cada qual abriu o seu saco de papel, previamente distribuído, e acolheu o pão como símbolo de um ritual de sobrevivência, comunhão e partilha.





Distribuindo o pão

É difícil a escolha...

Sinal da intemporalidade da sua obra, do seu saber e de si próprio, Augusto Mota reuniu nesta tertúlia amigos de vivências, geografias e idades diversas. O mérito é todo seu! O privilégio de o ter tido em “Café com Livros” será sempre nosso.




  

.... mas a distribuição do pão continua !


Pela extensão, diversidade e actualidade da sua obra, voltaremos a conversar com o convidado de hoje, noutro “Café com Livros”, numa data a combinar…
Até sempre e Obrigada Amigo! 
 
 
O Dr. Mário Coelho, do m|i|mo, nosso imprescindível colaborador !

“Café Com Livros” agradece a todos o contributo valioso da sua presença e voltará acontecer no 4º sábado do mês de Maio, num lugar a combinar…

Até lá, não recusem:

Um café quente

Um livro fresco

Uma ideia nova!

                   




Texto de Rosa Neves