18/04/2019

Um Poeta Baladeiro






A convite de David Teles Ferreira, amigo encontrado no percurso das palavras, o poeta /cantor Andrés Stagnaro foi recebido pelo grupo Trêstúlias, no dia 30 de março, no Moinho do Papel, em Leiria. 

 


Andrés Stagnaro nasceu no Salto, no Uruguai. Desde a sua adolescência que canta em público; também desde cedo começou a musicar poesia e rapidamente se afirma como autor e compositor.

 

Estabelece vínculos com muitos outros autores, compositores e poetas de todo o mundo. Diz que em Portugal se sente em casa e que esta é a sua segunda pátria. Atualmente está no nosso país em representação diplomática no âmbito da Semana do Uruguai em Portugal e através do convite do seu amigo David Teles veio partilhar connosco um pouco das suas criações poético-musicais e da sua história. 


Uma história que se cruza com a nossa história nos caminhos da luta pela liberdade e uma música que se cruza com a lusofonia e que interpreta a nossa poesia e os nossos autores.
Resistente da ditadura militar uruguaia Andrés Stagnaro é um poeta sem amarras, um pássaro sem gaiola que empresta o seu canto a baladas intimistas, interpretando poemas seus e de poetas portugueses.

Cantor, poeta compositor, inclui no seu reportório músicas de José Afonso, Francisco Fanhais e escritos de José Saramago e David Mourão Ferreira.

 
A música e os poemas de Andrés Stagnaro são uma forma de comemorar a democracia no seu país e relembrar a ditadura militar uruguaia que subjugou o país durante doze anos - entre 1973 e 1985 – deixando um rasto de crimes e violência que ainda hoje está a ser investigado, pois ainda hoje está por encontrar o rasto de cerca 200 pessoas que desapareceram e cujos corpos nunca foram encontrados. Uma ditadura que alimentava e se alimentava do medo; uma ditadura feroz que entrava casas adentro e levava famílias inteiras; uma ditadura que perseguia e matava mesmo fora das suas fronteiras e cuja marca está bem presente nas memórias do povo Uruguaio.

O gosto do poeta/cantor foi ditando a escolha das baladas com que nos foi presenteando e a conversa foi revelando um Andrés que se realiza na construção da poesia e na alquimia dos sons da sua guitarra. A liberdade e o amor são temas centrais e transversais à sua poesia e a temperança da sua voz revela uma tranquilidade melódica e doce.
David Teles ouviu emocionado um soneto seu ser cantado por Andrés Stagnaro. O poeta foi também ouvindo poemas seus traduzidos para português e retirados do seu livro “Danza sobre Bordes” publicado em setembro de 2015.

Andrés Stagnaro e as Trêstúlias: Lídia Raquel, Rosa Neves e Cristina Flores
O Serão foi decorrendo entre um poema, uma conversa e uma balada e terminou entre um chocolate e um licor, ao som das águas do Moinho.
Portugal e o Uruguai ficaram mais próximos num abraço de palavras.
Obrigada Andrés Stagnaro. 



Texto: Rosa Neves
 Fotos: Joaquim Cordeiro Pereira e Augusto Mota 
 Edição: Augusto Mota



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