AUGUSTO MOTA NA DOMINGOS SEQUEIRA
No passado dia 19 de abril, as
portas do auditório da Escola Secundária de Domingos Sequeira (ESDS) abriram-se
para receber Augusto Mota. A acolhê-lo estavam os alunos de Artes da Escola e
alguns professores: os primeiros tinham uma ideia vaga de quem se tratava, os
segundos, em particular os mais velhos, sabiam que aquele seria um evento
especial na Escola.
A apresentação inicial feita pela
organização do evento forneceu dados úteis, não só sobre o percurso e obra do
convidado, mas também sobre a história da ESDS. Era importante que os alunos
ficassem a saber que eram herdeiros de uma escola centenária que teve como
diretores e professores vários artistas, a começar pelo primeiro diretor, em
1888, João Ribeiro Cristino da Silva; a ele se juntaram, ao longo de décadas,
Ernesto Korrodi, Narciso Costa, Luís Fernandes, Matilde Rosa Araújo, Cristóvão
Aguiar, Nelson Dias… e Augusto Mota, entre outros.
Na conversa mantida na sessão, falou-se de
alguns destes nomes e outros que a memória viva de Augusto Mota ia
desenrolando. Destacou em particular o nome do pintor Nelson Dias, de quem foi colega como professor e com quem trabalhou no álbum de
banda desenhada Wanya, escala em Orongo, nos anos
70. Este era um título que dizia alguma coisa aos alunos presentes que tinham
andado a explorar graficamente o álbum, sendo disso testemunho a exposição de
trabalhos presente no átrio.
Em torno desta obra, ficaram a conhecer
vários pormenores ligados ao aparecimento do projeto, a referências do texto, o
perfeccionismo do traço, a edição e o impacto que o livro teve nas instituições
e na imprensa da época e aquando do lançamento da 2ª edição, em 2008. A este propósito, leu artigos de jornais e revistas
publicados na altura e que testemunham o espaço singular que Wanya
ocupou no panorama das histórias aos quadradinhos.
Várias questões colocadas ao
convidado por professores e alunos permitiram que se entendesse o que era ser
professor e artista num tempo em que os constrangimentos à liberdade eram
maiores, mas em que, talvez por isso mesmo, a vitalidade artística da escola
tinha uma dinâmica particular, que fazia da então Escola Industrial e Comercial
de Leiria uma “incubadora” de artistas. A evidenciar esta ideia, falou-se da
atual exposição no m|i|mo - museu da imagem em movimento, “Nós e os outros”, tendo Augusto Mota salientado
a qualidade da mostra e apelado a que os alunos fizessem uma visita guiada.
Os alunos presentes saíram certamente mais
enriquecidos da sessão e oxalá tenham apanhado o testemunho da vocação
artística da Escola, da qual Augusto Mota é uma lenda viva.
Bem haja!
Texto de Natália Caseiro
Fotos da sessão de Paula Gaspar
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