A 30ª edição de “Café com Livros” decorreu no
dia 6 do passado mês de Abril, pelas 15.15h, no m|i|mo – museu da imagem em movimento –
em Leiria, onde estivemos à conversa com o Dr. Álvaro
Laborinho Lúcio. Um Escritor que ainda não se considera escritor. Um Homem que
ainda se considera aprendiz, um Juiz que diz ter deixado o Direito, mas não a Justiça.
Álvaro Laborinho Lúcio é mestre em Ciências Jurídico-Civilísticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e magistrado de carreira. De Janeiro de 1990 a Abril de 1996 exerceu, sucessivamente, as funções de secretário de Estado da Administração Judiciária, ministro da Justiça e deputado à Assembleia da República. Entre Março de 2003 e Março de 2006, ocupou o cargo de ministro da República para a Região Autónoma dos Açores.
Mantendo sempre uma intensa atividade cívica, Álvaro Laborinho Lúcio é membro dirigente de várias associações, entre as quais se destacam a APAV e a CRESCER-SER, das quais é sócio fundador. Com artigos publicados e inúmeras palestras proferidas sobre temas ligados, entre outros, à Justiça, ao Direito, à Educação, aos direitos humanos e à cidadania em geral, é autor de livros como «A Justiça e os Justos», «Palácio da Justiça», «Educação, Arte e Cidadania», «O Julgamento – Uma Narrativa Crítica da Justiça» e, em coautoria com José António Barreiros e José Braz, «Levante-se o Véu!» - reflexões sobre o exercício da Justiça em Portugal.
Álvaro Laborinho Lúcio é mestre em Ciências Jurídico-Civilísticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e magistrado de carreira. De Janeiro de 1990 a Abril de 1996 exerceu, sucessivamente, as funções de secretário de Estado da Administração Judiciária, ministro da Justiça e deputado à Assembleia da República. Entre Março de 2003 e Março de 2006, ocupou o cargo de ministro da República para a Região Autónoma dos Açores.
Mantendo sempre uma intensa atividade cívica, Álvaro Laborinho Lúcio é membro dirigente de várias associações, entre as quais se destacam a APAV e a CRESCER-SER, das quais é sócio fundador. Com artigos publicados e inúmeras palestras proferidas sobre temas ligados, entre outros, à Justiça, ao Direito, à Educação, aos direitos humanos e à cidadania em geral, é autor de livros como «A Justiça e os Justos», «Palácio da Justiça», «Educação, Arte e Cidadania», «O Julgamento – Uma Narrativa Crítica da Justiça» e, em coautoria com José António Barreiros e José Braz, «Levante-se o Véu!» - reflexões sobre o exercício da Justiça em Portugal.
Foi agraciado pelo rei
de Espanha com a Grã-Cruz da Ordem de São Raimundo de Peñaforte e pelo Presidente
da República Portuguesa com a Grã- Cruz da Ordem de Cristo. É membro da
Academia Internacional da Cultura Portuguesa, exercendo, atualmente, as funções
de presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho.
Ex-Ministro da Justiça e
Diretor do Centro de Estudos Judiciários é Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo
Tribunal de Justiça. Dedicando-se atualmente à escrita, publicou o primeiro
romance em 2014, «O Chamador»; em Setembro de 2016 publicou «O Homem que
escrevia azulejos» e, neste momento, prepara-se para publicar o terceiro romance.
Universalista, humanista
crítico, interventivo, homem de cultura e pela cultura, sempre solidário e
atento ao devir social. Senhor de palavra fácil e cativante, ouvi-lo é ficar
preso à simplicidade com que discorre sobre todos os assuntos. De pensamento
versátil e ágil, há por detrás da sua escrita e da sua conversa uma assimilação
longa e sistemática de saberes, valores e experiências que nos enriquecem pela
subtileza dos detalhes.
Álvaro Laborinho Lúcio carrega a inspiração dos autores clássicos, nos temas que trata, nas preocupações e interrogações intemporais que coloca, como a vida, a morte, o amor, as desigualdades. Os conceitos de liberdade e fraternidade são transversais a tudo o que escreve, conceitos dorsais, unos, dependentes na existência e na consequência. Trabalha a linguagem de forma muito limpa, não há ruído nem supérfluo nos seus dois romances. E porque a escrita é de quem a lê, ele recorre ao implícito como forma de estímulo ao pensamento e induz o leitor a um processo de maiêutica autónomo. Cabem todos os tempos na sua narrativa e por isso, mesmo recorrendo ao passado, deixa-nos uma visão moderna do mundo e da literatura. A sua escrita é substancial na forma e no conteúdo.
No seu primeiro
romance, «O Chamador», Álvaro Laborinho Lúcio convida-nos à procura, convoca-nos
para as memórias do tempo e das gentes; para as geografias das ruas e dos
lugares e transporta-nos para um imaginário de pequenas coisas e pequenas
pessoas, que neste livro se agigantam e nos desconcertam através de uma
linguagem ricamente elaborada nos cânones de uma poesia doce e terna, mas ao
mesmo tempo interrogativa e sempre desassossegada:
"É inquietante a forma como abandonamos as pessoas que julgamos loucas. O Evalino e a Tia chegaram-me muito cedo, apanharam-me criança, num tempo em que não tinha respostas. Onde achas que começa realmente a loucura?"
... "Não me chega a resposta da ciência.. Não é saber o que é a loucura que me interessa. O que procuro é a possibildade da verdade, entre a razão e a loucura."
in "O Chamador", p.46
"Tinha um sorriso húmido pendurado da boca e um
discurso embrulhado em ditongos difíceis de encarreirar em palavras correntes"…
"Dos seus olhos emanava uma ternura ingénua e quente.
Como que por encanto, todo o rosto se compunha num sorriso. Só a fala o traía."
…
"Terminada a temporada, levei comigo o prolongado
abraço dele e uma lágrima sua no ombro direito do casaco que vestia."
No segundo romance, «O Homem que escrevia azulejos», Álvaro
Laborinho Lúcio ficciona uma realidade feita de azulejos, onde dois homens
escrevem juntos as cores de uma vida clandestina, enquanto no painel das suas
vidas se vão encaixando personagens. Estas vidas constituem-se figuras sublimes
de dois painéis, o primeiro: a cidade – composto por 32 azulejos; e o segundo –
a montanha- composto por 13 azulejos. Este romance está recheado de vastas
referências a grandes obras, grandes escritores, grandes compositores, o que por
um lado enriquece o leitor, e por outro lado vai desvendando o riquíssimo “laboratório
mental” do autor, onde este num exercício de alquimia metafórico, vai criando
letra a letra, palavra a palavra a essência certa dos enredos a que dá vida:
"Paris, 1967. Gare d'Austerlitz. Ninguém à espera dele. Em Paris em Janeiro, ao fim da tarde, faz frio, muito frio se ninguém espera por nós. Alguém devia ter ido. Alguém devia ter dito a senha " ...
... "Quando partira, já levava Paris dentro de si. Não era a sua terra que deixava para trás. Era Paris que tinha à frente. Não fugia. Nem de casa nem da guerra. Apenas corria para diante, de onde vinha o chamamento para a aventura do futuro."
"Vem todos os anos. Escolheu a montanha, diz ele, para
viver na clandestinidade. Desertor das forças de ocupação, refugiado da guerra
de cada dia, anseia pela libertação do tempo, e oferece-se para dar luta às
ditaduras emergentes e denunciar a publicidade de engano que as anuncia como
redentoras."
in "O Homem que escrevia azulejos", p. 184
" Alguns usavam abraços que tinham crescido do funeral da avó. Outros traziam abraços novos, a estrear."
Os romances de Álvaro
Laborinho Lúcio são a expressão sadia de uma escrita culta, madura e limpa que
autonomiza o pensamento e nos compromete com ele. A sua escrita é um estímulo ao
exercício do pensamento crítico e ele próprio, um desassossegado construtor de
ideais, sempre comprometido com a transformação social.
Álvaro Laborinho Lúcio
exerce a “magistratura das palavras” com a mesma discrição com que tem exercido
as várias dimensões da sua vida pessoal e profissional. Lê-lo é um lugar de
chegada, aquele a que voltamos sempre!
“Café com Livros” fica na expetativa da publicação de terceiro romance de Álvaro Laborinho Lúcio, e até lá não recusem:
“Café com Livros” fica na expetativa da publicação de terceiro romance de Álvaro Laborinho Lúcio, e até lá não recusem:
Um café quente
Um livro fresco
Uma ideia nova
Texto de Rosa Neves
Fotos e edição de Augusto Mota
Texto de Rosa Neves
Fotos e edição de Augusto Mota
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