06/07/2005

Traineiras


Ficha Técnica de
"Ainda, uma folha de poesia ilustrada" Posted by Picasa
Já vão chegando as traineiras...
Trazem sal nos mastros negros,
ventanias nos fòquins,
montes de escamas e sol.
O mar entrou às lufadas
pelos caminhos da Ria
e sorvendo maresia,
gaivotas atarefadas
procuram peixe perdido.
O guarda-fiscal cinzento
não larga os cestos de prata,
enquanto braços de força
badalam como remadas.
Magotes aos quadrados
caminham para a cidade;
outros cavam astros brancos
no preto sujo da Ria
e passando sob a ponte
batem palmas de metal
nas pedras brancas de sono.
Ai, que saudades do mar
nas quilhas destas traineiras!
Que luz e cor, que lidar
e que cheiro a maresia
pelos caminhos da Ria!
André Ala dos Reis

6 comentários:

Anónimo disse...

Poesia vibrátil.
Muito denso e muito belo este poema com cheiro a ria e a mar

Anónimo disse...

Como quisera ser "pescador" para labutar em tua traineira.

Anónimo disse...

Foi Almada Negreiros quem disse que "ser moderno é descobrir o antigo", e, Sanguinetti escreve mesmo "como se fosse possível propagar ideias de amanhã sem que sejam também de ontem e de hoje".

Daí a importância destas memórias. Desenham-se como coordenadas dos tempos do nosso tempo.

Passado, presente e futuro.
Sentimo-nos mal no nosso próprio tempo e espaço? Então, temos, pelo menos, o direito de transformá-lo.

Anónimo disse...

e o que estamos e estivemos nós a fazer?

Anónimo disse...

Insuficiente, Gabriela!

Anónimo disse...

concordo contigo e deixo-te um beijo de boa noite...até!