06/07/2005
Traineiras
Ficha Técnica de
"Ainda, uma folha de poesia ilustrada"
Já vão chegando as traineiras... Trazem sal nos mastros negros,
ventanias nos fòquins,
montes de escamas e sol.
O mar entrou às lufadas
pelos caminhos da Ria
e sorvendo maresia,
gaivotas atarefadas
procuram peixe perdido.
O guarda-fiscal cinzento
não larga os cestos de prata,
enquanto braços de força
badalam como remadas.
Magotes aos quadrados
caminham para a cidade;
outros cavam astros brancos
no preto sujo da Ria
e passando sob a ponte
batem palmas de metal
nas pedras brancas de sono. Ai, que saudades do mar
nas quilhas destas traineiras!
Que luz e cor, que lidar
e que cheiro a maresia
pelos caminhos da Ria! André Ala dos Reis
por
António Simões ,Augusto Mota e Gabriela Rocha Martins
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6 comentários:
Poesia vibrátil.
Muito denso e muito belo este poema com cheiro a ria e a mar
Como quisera ser "pescador" para labutar em tua traineira.
Foi Almada Negreiros quem disse que "ser moderno é descobrir o antigo", e, Sanguinetti escreve mesmo "como se fosse possível propagar ideias de amanhã sem que sejam também de ontem e de hoje".
Daí a importância destas memórias. Desenham-se como coordenadas dos tempos do nosso tempo.
Passado, presente e futuro.
Sentimo-nos mal no nosso próprio tempo e espaço? Então, temos, pelo menos, o direito de transformá-lo.
e o que estamos e estivemos nós a fazer?
Insuficiente, Gabriela!
concordo contigo e deixo-te um beijo de boa noite...até!
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