13/08/2013
01/08/2013
SONETO DA FOTOGRAFIA
Para
Alfredo Muñoz de Oliveira,
José Freitas,
Tó Vieira
e
Helder Medina
O que a fotografia revela, depois de revelada, não é
os vivos que ainda o são ou os mortos quando o não eram.
Não. O que revela a fotografia é a si mesma: tripé
egoísta que à vida substitui e tantos veneram
sem no (na) perceber. Não é (se calhar nunca foi)
a mera distância, em luz e sombra medida,
que vai do olhar do fotógrafo à realidade exibida.
É ela mesma e só ela mesmo, coisa que dói,
pois, sobremaneira, acentua a vanidade da vida.
Todos aparecemos em alguma pelo menos;
connosco mesmos em elas e por elas nos parecemos:
ilusão, como todas vã, que o esquecimento olvidará.
- Olha o meu Pai! O meu Cão! O meu Avô!
- Não! - diz Madame La Photo. - Não, eu é que sou.
Daniel Abrunheiro, Leiria, quinta-feira, 1 de Agosto de 2013
Fotos: Augusto Mota, 2007 / Estalactites e estalagmites destruídos pelas obras da circular sul de Monte Real.
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