meu amor
tenho medo do vento:
abre-me teu corpo –
quero ficar lá dentro
um pouco.
tenho medo do mar:
deixa-me esconder
nas dunas de teus seios
até ele abrandar.
tenho medo da noite
que agora principia:
encharca-me o rosto
na luz de teus olhos,
para que seja sempre dia.
tenho medo de ter-te
só entre estes versos
e em mais lugar nenhum –
tenho medo, meu amor,
de não ter amor algum.
António
Simões, inédito, 1995