CRÓNICAS DE DIAS DE DESESPERO
No
sábado, dia 28 do passado mês de Março, teve lugar no auditório do m|i|mo
– museu da imagem em movimento, mais uma tertúlia “Café com livros”,
a já tradicional iniciativa do grupo Trêstúlias com(vida). Desta vez o convidado
foi o Professor Santana Castilho, que foi apresentado por Cristina Barbosa:
O Professor Santana Castilho é professor coordenador de Organização e Gestão do Ensino da Escola Superior de Educação de Santarém e cronista do jornal «Público». Foi membro do VIII Governo Constitucional, presidente da Escola Superior de Educação de Santarém e do seu Conselho Científico e, também, presidente do Instituto Politécnico de Setúbal. Foi consultor do Banco Mundial, da União Europeia e da UNESCO, em projectos educacionais de âmbito internacional. Foi responsável por vários projectos internacionais de investigação educacional. No exercício de actividade liberal, foi consultor e formador de quadros de grandes empresas nacionais e multinacionais, no domínio da gestão estratégica e da avaliação e gestão do desempenho. Foi director de várias revistas educacionais e tem vasta obra publicada, em artigos e livros, sendo frequentemente solicitado a pronunciar-se sobre Educação, em jornais, rádios e televisão.
O Professor Santana Castilho é professor coordenador de Organização e Gestão do Ensino da Escola Superior de Educação de Santarém e cronista do jornal «Público». Foi membro do VIII Governo Constitucional, presidente da Escola Superior de Educação de Santarém e do seu Conselho Científico e, também, presidente do Instituto Politécnico de Setúbal. Foi consultor do Banco Mundial, da União Europeia e da UNESCO, em projectos educacionais de âmbito internacional. Foi responsável por vários projectos internacionais de investigação educacional. No exercício de actividade liberal, foi consultor e formador de quadros de grandes empresas nacionais e multinacionais, no domínio da gestão estratégica e da avaliação e gestão do desempenho. Foi director de várias revistas educacionais e tem vasta obra publicada, em artigos e livros, sendo frequentemente solicitado a pronunciar-se sobre Educação, em jornais, rádios e televisão.
Antes de dar a palavra ao Professor
Santana Castilho houve um momento prévio dedicado à poesia. Mercília Francisco,
em jeito de homenagem, evocou Herberto Helder, lendo dois poemas publicados na
revista do «Expresso»:
"Amo devagar os amigos que são tristes com cinco
dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados,
fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a
eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
Construímos um lugar de silêncio.
De paixão."
Herberto Helder, in «Lugar», 1960
Mercília Francisco evocando Herberto Helder
"que eu aprenda tudo desde a morte,
mas não me chamem por um nome nem pelo
uso das coisas,
colher, roupa, caneta,
roupa intensa com a respiração dentro dela,
e a tua mão sangra na minha,
brilha inteira se um pouco da minha mão
sangra e brilha,
no toque entre os olhos,
na boca,
na rescrita de cada coisa já escrita nas
entrelinhas das coisas,
fiat cantus! e faça-se o canto esdrúxulo que
regula a terra,
o canto comum-de-dois,
o inexaurível,
o quanto se trabalha para que a noite apareça,
e à noite se vê a luz que desaparece na mesa,
chama-me pelo teu nome, troca-me,
toca-me
na boca sem idioma,
já te não chamaste nunca,
já estás pronta,
já és toda"
Herberto Helder, in «A Faca não Corta o Fogo», 2008
David Teles continuou o momento poético lendo seis Odes ao Vinho, do poeta persa Omar Khayyam (1048-1131), dos seus «Rubaiyat», onde canta a existência humana, a brevidade da vida e o amor, desenvolvendo ainda a concepção do êxtase do vinho como a transcendência do homem.
David Teles lendo "Odes ao Vinho", de Omar Kkayyam
ODES AO VINHO
1 (20)
Os
nossos dias fogem tão rápidos como água do rio
ou
vento do deserto.
Entretanto,
dois dias me deixam indiferente:
o
que passou ontem e o que virá amanhã.
2 (4)
Procede
de molde a que a tua sabedoria
não
cause sofrimento ao teu semelhante.
Domina-te
sempre.
Nunca
te abandones à cólera.
Se
quiseres encaminhar-te para a paz definitiva,
sorri
ao Destino quanto te ferir e não vás ferir ninguém.
3 (8)
Contenta-te
com poucos amigos neste mundo.
Não
tentes dourar a simpatia que podes experimentar
por
alguém.
Antes
de apertares a mão de um homem,
pergunta
a ti mesmo se ela não irá ferir-te, um dia.
4 (10)
Como
é vil o coração que não sabe amar,
que
não pode embriagar-se de amor!
Se
não amares, como poderás apreciar
a
deslumbrante luz do sol e a doce claridade do luar?
5 (164)
Pobre
homem, nunca saberás nada.
Não
explicarás nunca um só dos mistérios que nos
rodeiam.
Já
que as religiões te prometem o Paraíso,
toma
cuidado de criar um para ti, sobre a terra,
porque
o outro talvez não exista.
6 (68)
A
vida passa como rápida caravana.
Pára
a tua montada e procura ser feliz.
Rapariga,
por que te entristeces?
Serve-me
vinho. A noite chegará depressa.
Depois do elogio do Vinho, Mercília Francisco fez uma leitura expressiva e “teatralizada” de “A Invenção da Água”, extraordinário discurso poético de Mário-Henrique Leiria (1923 – 1980), autor que integrou algumas manifestações do Grupo Surrealista de Lisboa:
"Como muito bem se sabe, no princípio não havia água.
Então todos começaram a beber vinho e deus achou que era bom.
E lá isso era!
No entanto, com o aparecimento das primeiras culturas
Mercília Francisco e a sua leitura expressiva de "A Invenção da Água"
Depois do elogio do Vinho, Mercília Francisco fez uma leitura expressiva e “teatralizada” de “A Invenção da Água”, extraordinário discurso poético de Mário-Henrique Leiria (1923 – 1980), autor que integrou algumas manifestações do Grupo Surrealista de Lisboa:
"Como muito bem se sabe, no princípio não havia água.
Só
havia o verbo.
Depois apareceram o sujeito e o complemento directo.
Mas
de água, nada.Depois apareceram o sujeito e o complemento directo.
Então todos começaram a beber vinho e deus achou que era bom.
E lá isso era!
No entanto, com o aparecimento das primeiras culturas
do
tipo comercial, tornou-se evidente
a falta de qualquer coisa
que pudesse aumentar a produção do vinho
e torná-lo mais rentável.
Era a água, claro.
Mas não havia água, como já fizemos notar.
a falta de qualquer coisa
que pudesse aumentar a produção do vinho
e torná-lo mais rentável.
Era a água, claro.
Mas não havia água, como já fizemos notar.
As
primeiras pesquisas,
então ainda bastante primitivas,
levaram à descoberta da água-pé.
Embora curiosa, essa descoberta não resolveu,
então ainda bastante primitivas,
levaram à descoberta da água-pé.
Embora curiosa, essa descoberta não resolveu,
de
forma alguma, o fim pretendido.
Continuava a não haver água. As pesquisas prosseguiram.
Felizmente o homem é assim, nunca desiste.
Continuava a não haver água. As pesquisas prosseguiram.
Felizmente o homem é assim, nunca desiste.
É
isso que faz o progresso.
E largos tempos passados chegou-se a nova descoberta:
a aguardente.
Era melhor, não duvidemos, mas realmente não era o desejado.
E largos tempos passados chegou-se a nova descoberta:
a aguardente.
Era melhor, não duvidemos, mas realmente não era o desejado.
Faltava
a água. Definitivamente.
As civilizações pastoris, no seu nomadismo constante
descobriram, acidentalmente, a água-bórica que,
aliás, nunca serviu para nada. Coisas de nómades.
Foi então que no seio das culturas orientais
As civilizações pastoris, no seu nomadismo constante
descobriram, acidentalmente, a água-bórica que,
aliás, nunca serviu para nada. Coisas de nómades.
Foi então que no seio das culturas orientais
mais
avançadas tecnologicamente,
surgiu a grande invenção:
um misterioso pó branco que,
deitado em mínima quantidade de água,
o convertia,
quase milagrosamente,
num litro de água.
ESTAVA INVENTADA A ÁGUA
Inicialmente rara e só usada para fazer vinho,
surgiu a grande invenção:
um misterioso pó branco que,
deitado em mínima quantidade de água,
o convertia,
quase milagrosamente,
num litro de água.
ESTAVA INVENTADA A ÁGUA
Inicialmente rara e só usada para fazer vinho,
tornou-se
no entanto com o desenvolvimento industrial,
bastante acessível e abundante.
Ergueram-se os primeiros lagos,
bastante acessível e abundante.
Ergueram-se os primeiros lagos,
deu-se
início aos rios pequeninos e,
finalmente surgiram os rios maiores,
aqueles muito grandes,
que consta várias pessoas já terem visto por aí.
Este progressivo desenvolvimento líquido
finalmente surgiram os rios maiores,
aqueles muito grandes,
que consta várias pessoas já terem visto por aí.
Este progressivo desenvolvimento líquido
teve
como consequência
o aparecimento de poderosas civilizações marítimas,
que se desenvolveram de tal maneira que nos puseram
no brilhante estado em que nos encontramos.
É o que fazem as invenções.
No entanto, e mesmo com a actual
o aparecimento de poderosas civilizações marítimas,
que se desenvolveram de tal maneira que nos puseram
no brilhante estado em que nos encontramos.
É o que fazem as invenções.
No entanto, e mesmo com a actual
abundância,
não devemos abusar, dada a tremenda
explosão demográfica que se está registando.
Parece-nos mais prudente beber gin. Sempre."
não devemos abusar, dada a tremenda
explosão demográfica que se está registando.
Parece-nos mais prudente beber gin. Sempre."
Mário-Henrique Leiria
Laurinha e Mariana Neves distribuindo as amêndoas
Santana Castilho e as "Trêstúlias": Cristina Barbosa, Rosa Neves e Lídia Raquel
Laura Rosário lê o seu texto sobre os "Professores"
Como
o Professor Santana Castilho iria falar sobre Ensino/Educação, a assistência
foi motivada para o tema, através de três testemunhos vividos. Lídia Raquel leu
um texto de Mia Couto sobre a influência e importância que os professores podem
ter na formação dos alunos para a vida. Depois foi a vez de dar a palavra à
jovem e habitual colaboradora destas tertúlias, Laura Rosário, que leu o
original de um texto seu sobre os «Professores»,
escrito na véspera, ao “correr do lápis”:
Ainda dentro desta homenagem aos
professores, Mariana Neves trouxe até nós um texto – «Homenagem ao Professor» - que escrevera em 2012, quando aluna do
Colégio de Nossa Srª. de Fátima, em Leiria. Hoje é aluna do 12º ano de Artes
Visuais, na Escola
Secundária Francisco Rodrigues Lobo.
Mariana Neves lendo a sua "Homenagem ao Professor"
"O
que são os professores?
Que
papéis desempenham?
Que importância têm e que valores assumem
perante nós, nesta época turbulenta do nosso
crescimento intelectual, físico e psicológico?
Professores, não são apenas pessoas que passam pela estrada das nossas vidas como ténues sombras da noite, cujos contornos e detalhes, nos passam despercebidos. Não! São muito mais.
São alquimistas que transformam a matéria distinta e já deles conhecida há muito, em algo inovador e inspirador para os alunos.
São escultores que moldam os alunos como se fossem barro e ensinam os alunos a moldar o barro como se fosse gente! Ajudam a formar a sua personalidade, o seu intelecto… e levam-nos a tornarem-se maduros e preparados para a temida responsabilidade que a vida adulta lhes traz.
São pensadores inatos que influenciam a nossa forma de ver o mundo e a sociedade, influenciam a nossa opinião e confrontam-nos com novas ideias a cada dia que passa. Trazem consigo olhares e erspectivas singulares, que só a experiência de uma vida árdua, como professor, nos pode proporcionar. Eles entregam um pouco de si a cada aluno!
Os alunos marcam os professores, disso não há duvido. Mas os professores é que realmente fazem a diferença e nos marcam irrefutavelmente! De outra maneira, como teríamos as bases necessárias para dar asas às nossas capacidades? Cairíamos no primeiro voo…
Um bom professor será aquele a quem também possamos agradecer pelo que somos hoje, pelo que seremos no futuro. Aquele que nos pegou na mão e nos mostrou o mundo sob as mais diversas formas, por mais contraditórias que entre si sejam.
Agradecemos aos professores, que nos têm acompanhado ao longo destes anos, o facto de também eles se entregarem a nós! Agradecemos o conhecimento, a palavra, o elogia, a repreensão.
Que importância têm e que valores assumem
perante nós, nesta época turbulenta do nosso
crescimento intelectual, físico e psicológico?
Professores, não são apenas pessoas que passam pela estrada das nossas vidas como ténues sombras da noite, cujos contornos e detalhes, nos passam despercebidos. Não! São muito mais.
São alquimistas que transformam a matéria distinta e já deles conhecida há muito, em algo inovador e inspirador para os alunos.
São escultores que moldam os alunos como se fossem barro e ensinam os alunos a moldar o barro como se fosse gente! Ajudam a formar a sua personalidade, o seu intelecto… e levam-nos a tornarem-se maduros e preparados para a temida responsabilidade que a vida adulta lhes traz.
São pensadores inatos que influenciam a nossa forma de ver o mundo e a sociedade, influenciam a nossa opinião e confrontam-nos com novas ideias a cada dia que passa. Trazem consigo olhares e erspectivas singulares, que só a experiência de uma vida árdua, como professor, nos pode proporcionar. Eles entregam um pouco de si a cada aluno!
Os alunos marcam os professores, disso não há duvido. Mas os professores é que realmente fazem a diferença e nos marcam irrefutavelmente! De outra maneira, como teríamos as bases necessárias para dar asas às nossas capacidades? Cairíamos no primeiro voo…
Um bom professor será aquele a quem também possamos agradecer pelo que somos hoje, pelo que seremos no futuro. Aquele que nos pegou na mão e nos mostrou o mundo sob as mais diversas formas, por mais contraditórias que entre si sejam.
Agradecemos aos professores, que nos têm acompanhado ao longo destes anos, o facto de também eles se entregarem a nós! Agradecemos o conhecimento, a palavra, o elogia, a repreensão.
Obrigada a todos os professores por caminharem lado a lado com esta geração
que, no futuro, se irá impor como aquela que tem a responsabilidade e quer promover um mundo melhor, mais justo e mais fraterno!"
Como já estávamos em época de Páscoa, antes de dar a palavra ao Professor Santana Castilho, a
Laurinha, ajudada pela Mariana Neves, distribuiu por todos os presentes uma
pequena e doce lembrança: um bonito embrulhinho com algumas amêndoas.
E
assim se entrou no tema central desta tertúlia: “CRÓNICAS DE DIAS DE
DESESPERO”, que também é o título da mais recente obra do Professor Santana
Castilho (Edições Pedago, Outubro de 2014). Dada a dificuldade em transcrever,
com precisão, todas as ideias e palavras tão pertinentes do Professor, para não cometermos qualquer incorrecção,
recorremos ao blogue que tem o seu nome (http://santanacastilho.blogspot.pt/), para de lá
respigarmos afirmações suas e de outrem, afirmações que também foram por ele aqui
proferidas. “Este é, pois, um blogue sobre e para um Homem bom e solidário, que a todos nós tem vindo
a servir com a acutilância da sua inteligência, a justeza e a
clarividência das suas posições, a incansável tenacidade da sua luta, a ousada
verticalidade do seu carácter” (Ana Lima, editora do referido blogue).
"O coração
de muitos políticos parece reduzir-se a um código legal, que interpretam a seu
modo. O meu é feito de matéria diferente e por isso dói e sangra como nunca.
Foram muitas as situações ao longo da minha vida em que a minha lei foi ser
contra a lei. Contra a lei iníqua. Contra a lei astuta que protege os poderosos
e ignora os que nada podem. Contra a lei que despreza a moral e a ética. Contra
o direito que não serve a justiça."
“Assim se
define o homem que é conhecido, sobretudo, pelas crónicas que publica no jornal
«Público»: textos imperdíveis que, de 15 em 15 dias, vêm
agitar as águas turvas da torpe política nacional, nomeada e principalmente a
referente às coisas da educação.”
"O estilo contundente dos seus artigos é um tiro certeiro na generalizada apatia, uma pedrada neste charco onde o país se afunda. A clarividência das suas análises, a sua prosa empolgante, cheia de garra, lucidez, inteligência, desassombro, são uma bênção - sempre! -, e uma inspiração, para aqueles poucos a quem a raiva ainda cresce nos dentes e nos dedos, professores ou não. Lê-lo é um bálsamo e um incitamento, saber-lhe o pensamento, uma força reposta.
O que o move: a persistência e uma vontade férrea, um humanismo que cada dia se vai tornando mais raro, uma absoluta urgência de transformar o mundo."
"Não desisto de convocar políticos e cidadãos comuns para o debate das ideias e para o exercício de informar com seriedade e verdade. Sem informação e discussão não há vida democrática."
Aquilo que o Professor Manuel Ferreira Patrício disse acerca do livro «Os Bonzos da Estatística» pode aplicar-se igualmente hoje, e cada vez mais, a «Crónicas de Dias de Desespero»:
(…)
Durante a sessão Mariana Neves foi desenhando, calmamente, o retrato do Professor e, à despedida, ofereceu-lhe o trabalho, gesto que muito apreciou e o comoveu, pelo inesperado da situação.
E assim terminou mais um "Café com livros". Voltaremos a encontrar-nos em Maio. Até lá não recusem
Um café
quente
Fotos (excepto as identificadas), texto e edição de Augusto Mota
"O estilo contundente dos seus artigos é um tiro certeiro na generalizada apatia, uma pedrada neste charco onde o país se afunda. A clarividência das suas análises, a sua prosa empolgante, cheia de garra, lucidez, inteligência, desassombro, são uma bênção - sempre! -, e uma inspiração, para aqueles poucos a quem a raiva ainda cresce nos dentes e nos dedos, professores ou não. Lê-lo é um bálsamo e um incitamento, saber-lhe o pensamento, uma força reposta.
O que o move: a persistência e uma vontade férrea, um humanismo que cada dia se vai tornando mais raro, uma absoluta urgência de transformar o mundo."
"Não desisto de convocar políticos e cidadãos comuns para o debate das ideias e para o exercício de informar com seriedade e verdade. Sem informação e discussão não há vida democrática."
Quando o seu
livro «Os Bonzos da Estatística» foi
apresentado em Setembro de 2009, pelo Professor Manuel Ferreira Patrício, este definiu
assim Santana Castilho:
(…)
“Santana
Castilho é um homem frontal, dos que dizem o que pensam e não têm medo de
tornar públicas as suas opiniões e posições, cumprindo um mandamento
fundamental das sociedades livres e democráticas. Sintetizando o ideal e programa das Luzes, na segunda metade do século
XVIII, escreveu Kant: Sapere aude,
Ousa saber. Saber significa aqui pensar, conhecer, criticamente. A todos nos
disse Kant, portanto: Ousa conhecer criticamente. A humanidade europeia e
ocidental ouviu o grande filósofo de Könisberg. Mas hoje temos a nítida
percepção de que não basta pensar, não basta conhecer, ainda que criticamente.
É preciso, é indispensável, é imperioso comunicar.”
Aquilo que o Professor Manuel Ferreira Patrício disse acerca do livro «Os Bonzos da Estatística» pode aplicar-se igualmente hoje, e cada vez mais, a «Crónicas de Dias de Desespero»:
(…)
“As crónicas de
Santana Castilho reunidas neste livro são acções comunicativas críticas visando
o nascimento da luz comum para transformar a realidade que é comum, mesmo que
alguns o não queiram e dela se queiram apropriar como se proprietários da
sociedade fossem. Não são. Não vão ser. Esse é o grito de ousadia kantiano que
sai poderoso e sereno, e bem fundamentado, de cada página, de cada crónica, da
Crónica da Educação Portuguesa presente e recente que é este livro. Esse é o
passse de agir comunicacional, a faena elegante e fatal deste magnífico
toureiro que é Santana Castilho, que projecta o conhecimento crítico da
Educação portuguesa do diâmetro solipsista da consciência individual para o
diâmetro universal da consciência colectiva; que muda, portanto, o sujeito de
«eu» em «nós».
(…)
Foi esta força
comunicacional que perpassou por todos nós, levando as pessoas a sentirem-se
mais à vontade para colocar as suas questões ao Professor Santana Castilho, o que deu a esta
tertúlia um carácter muito dinâmico.
Durante a sessão Mariana Neves foi desenhando, calmamente, o retrato do Professor e, à despedida, ofereceu-lhe o trabalho, gesto que muito apreciou e o comoveu, pelo inesperado da situação.
E assim terminou mais um "Café com livros". Voltaremos a encontrar-nos em Maio. Até lá não recusem
Um
livro fresco
Uma
ideia nova