11/04/2007

Ó pedra que estás parada

Ó pedra que estás parada,
onde estão tuas raízes?
mas ficas sempre calada,
ó pedra, e nada me dizes.
Por que não voas então?
que te impede de voar?
se fosses meu coração,
voavas solta no ar,
como voa o pensamento
que vai para onde quer.
Fosses tu irmã do vento,
serias minha mulher -
e eu casava contigo
fazia o que sempre quis,
como amante, como amigo:
ser para sempre feliz
Na solidez do teu corpo -
ser um a soma dos dois,
habitar-se como um todo,
( as asas vinham depois ).
Com a minha fantasia,
teríamos aéreo lar -
a gente depois vivia
só do sonho de voar.
António Simões, inédito, 2001
( Do ciclo "poemas com pedras dentro ).

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