Foto, palavras e arranjo gráfico: Augusto Mota, Junho de 2008
22/09/2012
15/09/2012
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação.
Tempo de covardia e tempo de
ira
Tempo de mascarada e de mentiraTempo de escravidão.
Tempo dos coniventes sem
cadastro
Tempo de silêncio e de mordaçaTempo onde o sangue não tem rasto
Tempo de ameaça.
Sophia de Mello Breyner
Andresen
“Data”, in «Livro Sexto», 1962, Livraria Morais Editores, 7ª ed, 1991
Foto: Augusto Mota
Foto: Augusto Mota
14/09/2012
Eu vou com a luz
O dia assenta em varas de cristal -
Quatro são, mais o puro pensamento:
É esta quinta vara que lhe vale,
Erguendo-o, poderosa, bem ao centro.
Como tenda de circo que se instale
Sobre as cinco varas que eu invento,
O ar é pano de luz que desce lento,
E a manhã só se acende ao meu sinal.
Oh, cinco varas, cinco dedos d'alma,
Puxando o infinito para perto,
Pra que eu me perca no azul do ar.
Breve, minha inquietação se acalma
E o meu coração bate mais certo -
Vou com a luz quando o dia acabar.
Soneto: António Simões, 2004
Fotos: Augusto Mota, 2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)