O SENHOR DO MEL
Depois da cresta, uma alça da colmeia ainda com algum mel
O senhor do mel cochila à sombra.
Aos pés, a caixa de papelão com boiões de mel caseiro também passa pelas brasas. Está um calor de alto julho. As moscas irisadas de verdeazul tracejam de som a hora da tarde. O ar resulta da condensação da luz e da memória da água. O senhor do mel está velho. Tem cabelos brancos e pele encarnada. A boca entreaberta como um pano de teatro mastiga palavras sonhadas, trabalho de abelhas. Eu passo e escrevo.
Texto de Daniel Abrunheiro, in «O Preço da Chuva», Pé de Página Editores, Coimbra, 2006, p. 131.
Foto de Augusto Mota
Foto de Augusto Mota
1 comentário:
E escreveu muito bem. Obrigada.
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