19/03/2017

 
 
 
RETRATO   DE  MULHER  PORTUGUESA  DOCE 
 
 
 
 
 

Sinto e vejo mais que num beijo o teu olhar de portuguesa triste, o amargo das palavras salgadas escritas na tua face como se fosse uma folha de papel em branco aguardando as palavras silenciosas e suaves do poema.
 
 
Mansa é a tua dor, a ausência da música, enquanto as árvores balançam no fogo aceso que adormece no teu regaço, de um sopro da boca moldada na arte dos grandes ofícios.
 
O vento da Toscânia traçou, de lápis afiado, o contorno rigoroso da tua face, a discreta beleza florentina de olhos perdidos de verde na distância, não sei se do mar se do rio que nasce sempre, regressando ao vale onde  os deuses acompanharam as curvas do caminho, o teu sorriso, os braços abertos, radiantes de ternura abraçando o sol.
 
Que dizer dos teus olhos doces nos grandes silêncios que acompanham a vida ternamente, efervescendo, abafando as marcas abertas nas mãos pelos dedos ansiosos? Serão as estrelas espelhando-se no teu olhar? Um pássaro, pois, poisou na tua fronte e descansou.
 
As marcas do teu sorriso de ternura feito descansam como pássaro no fogo.
 
 
 
 
 
Orlando Cardoso
 19 de Março de 2017

Edição de augusto mota


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