03/05/2018

Wanya, escala em Orongo




AUGUSTO MOTA NA DOMINGOS SEQUEIRA



No passado dia 19 de abril, as portas do auditório da Escola Secundária de Domingos Sequeira (ESDS) abriram-se para receber Augusto Mota. A acolhê-lo estavam os alunos de Artes da Escola e alguns professores: os primeiros tinham uma ideia vaga de quem se tratava, os segundos, em particular os mais velhos, sabiam que aquele seria um evento especial na Escola.




A apresentação inicial feita pela organização do evento forneceu dados úteis, não só sobre o percurso e obra do convidado, mas também sobre a história da ESDS. Era importante que os alunos ficassem a saber que eram herdeiros de uma escola centenária que teve como diretores e professores vários artistas, a começar pelo primeiro diretor, em 1888, João Ribeiro Cristino da Silva; a ele se juntaram, ao longo de décadas, Ernesto Korrodi, Narciso Costa, Luís Fernandes, Matilde Rosa Araújo, Cristóvão Aguiar, Nelson Dias… e Augusto Mota, entre outros. 



Na conversa mantida na sessão, falou-se de alguns destes nomes e outros que a memória viva de Augusto Mota ia desenrolando. Destacou em particular o nome do pintor  Nelson Dias, de quem foi colega como professor e com quem trabalhou no álbum de banda desenhada Wanya, escala em Orongo, nos anos 70. Este era um título que dizia alguma coisa aos alunos presentes que tinham andado a explorar graficamente o álbum, sendo disso testemunho a exposição de trabalhos presente no átrio. 



 

Em torno desta obra, ficaram a conhecer vários pormenores ligados ao aparecimento do projeto, a referências do texto, o perfeccionismo do traço, a edição e o impacto que o livro teve nas instituições e na imprensa da época e aquando do lançamento da 2ª edição, em 2008. A este propósito, leu artigos de jornais e revistas publicados na altura e que testemunham o espaço singular que Wanya ocupou no panorama das histórias aos quadradinhos.


 


Várias questões colocadas ao convidado por professores e alunos permitiram que se entendesse o que era ser professor e artista num tempo em que os constrangimentos à liberdade eram maiores, mas em que, talvez por isso mesmo, a vitalidade artística da escola tinha uma dinâmica particular, que fazia da então Escola Industrial e Comercial de Leiria uma “incubadora” de artistas. A evidenciar esta ideia, falou-se da atual exposição  no m|i|mo - museu da imagem em movimento, Nós e os outros”, tendo Augusto Mota salientado a qualidade da mostra e apelado a que os alunos fizessem uma visita guiada.


Os alunos presentes saíram certamente mais enriquecidos da sessão e oxalá tenham apanhado o testemunho da vocação artística da Escola, da qual Augusto Mota é uma lenda viva.

Bem haja!


Texto de Natália Caseiro

Fotos da sessão de Paula Gaspar 


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