Para António Salvado
Aspira núbeis flores que respiram
incautas*, não apagues as nuvens outonais,
nem as chamas de inverno,
pois a volúpia das palvras dormita,
no orvalho que coroa os teus dias festivos. Aspira núbeis flores cobertas de música,
fulgor, ramos de oliveira.
As fontes do Hélicon acautelar-te-ão,
no limbo etéreo,
pois de pólen são as sílabas que derramas,
e o ardor que em ti grita não asfixia,
na dor marulhante, o clarão matinal,
onde vives, na dócil primavera,
o aroma suave da poesia. Serena é a tua mansão de onde vês,
na vertigem rasgada, lírios, jacintos, nardos,
entre raros clarões,
relâmpagos de sonho, bátegas de luz. Aspira núbeis flores, pois os astros
resplandecem, nos teus olhos,
repletos de vestígios antigos
- a voz das Musas em ti ouvirás sempre,
sobre elas derramarás a chama lenta
e fugidia da luz e da dor que,
em estrelas transformas,
na frescura clara da tua melodia.
Maria do Sameiro Barroso, in "Homenagem a António Salvado", Org. José Miguel Santolaya Silva, Salamanca, 2005.
______________________________________
*António Salvado, in Poema "DEIXA O PORVIR EM PAZ...", Recapitulação, Estudos de Castelo Branco, Castelo Branco, 2005, pg. 28.
8 comentários:
Um novo poema com a mesma força e encanto dos demais.
Obrigada, Maria do Sameiro!
Há qualquer coisa de tão diferentemente belo naquilo que escreves, Maria.
Obrigada pelos teus poemas.
É sempre muito agradável relê-la, Maria do Sameiro!
e eu, Amigas, agradeço-vos pela Maria do Sameiro.
sei quanto está grata.
( mas merece!)
Bom poema. Onde é que se pode adquirir um exemplar dessa antologia de onde o poema foi retirado?
É uma antologia?
Como é que posso entrar em contacto com Maria do Sameiro Barrosõ e com o António Salvado?
Keep up the good work
» »
Enviar um comentário