13/06/2006

118 anos de Fernando Pessoa

lembramos ...*
Se depois de eu morrer
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes uma das outras;
compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.
Fernando Pessoa / Alberto Caeiro.
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* ... "outras mensagens" aqui

2 comentários:

Anónimo disse...

Não quero ir descansar sem , no dia de hoje, e ainda ao som de " La vie d'artiste" de Léo Ferré, deixar uma palavra de gratidão a quem se lembrou do autor da "Mensagem" ! Mensagem que ainda não foi recebida ou não foi entendida. Noutro sítio, já hoje, deixei o lamento que mais me vem à ideia : " Falta cumprir-se Portugal !"
Boa noite, até ámanhã.
fernanda s.m.

Anónimo disse...

e será que algum dia, de alguma semana, de algum ano se cumprirá?

começo a ter as minhas dúvidas ( infelizmente! )

um beijinho, Fernanda.