Numa esplanada na praia do Vau, perscrutando o horizonte desse mar infindo, aqui me encontro inquieta, volteando, filosofando, socrateando…
Como é que Portugal, um país tão afortunado em paisagens idílicas e até com alguns recursos naturais, persiste, ao longo da História, em caminhar para o precipício? Há um qualquer feitiço, um destino nefasto que nos persegue desde sempre…talvez um país que nasce da revolta de um filho contra a própria mãe, não augure nada de bom e o fantasma da D.Teresa, mãe de D.Afonso Henriques, ainda nos amaldiçoe …!
Para mim, já se torna difícil encontrar uma explicação lógica e racional para esta auto-destruição que insiste em nos afundar. Vários autores o têm tentado explicar, como por exemplo, Eduardo Lourenço na sua obra fabulosa “O Labirinto da Saudade - Psicanálise mítica do Povo Português” e até mais recentemente José Gil, no livro ”Portugal hoje – o medo de existir”. Mas afinal onde está o busílis da questão – em quem nos governa ou no povo? Não são afinal os governos constituídos por portugueses? Talvez o país precise de ir ao psiquiatra, deitar-se no divã e sujeitar-se a uma psicanálise profunda que o trate, regenere e acabe de vez com esta inércia que o amolece e impede de “pegar o touro pelos cornos”, em vez de continuarmo-nos a lamentar, cochichando pelos cantos, assistindo impávidos e serenos à destruição do nosso património paisagístico, ambiental e das nossas actividades ligadas ao mar e à terra.
Deixemo-nos de vez de procurar salvadores da pátria, emergentes ao longo da História – afinal o rei D. Sebastião teima em não aparecer numa manhã de nevoeiro, o Prof. Cavaco Silva que reinou num período de prosperidade económica, que fez e que faz agora pelo País? E agora o Eng. José Sócrates, a quem os portugueses concederam maioria absoluta, esperando por milagres, constatam afinal que as rosas no regaço da campanha eleitoral não se transformaram em pão, mas sim em presentes envenenados, tais como: aumento desenfreado dos combustíveis, mais desemprego, mais pobreza e onde as desigualdades sociais já superam as dos E.U.A … já há quem pense em trocá-lo pela Dr.ª Manuela Ferreira Leite – esta agora sim, a pessoa ideal, e então onde está essa memória curta que os fez esquecer que também ela já governou e mal… onde como ministra da educação foi um autêntico desastre … para outros o salvador possível seria o Dr. Alberto João Jardim – pois claro, neste reino do faz-de-conta em que já se vive, só falta o bobo-mor da corte para a palhaçada ser completa… Deixemo-nos de ser belas-adormecidas, esperando o beijo milagroso do Príncipe Encantado, que após eleições se transforma num sapo feio e mentiroso…
Olho novamente para o mar… está mais revolto e cinzento, acompanha o meu estado de espírito… os novelos de espuma morrem na areia como alguns dos meus sonhos se esboroaram no tempo… mas olhando as crianças, despreocupadas e felizes, brincando à beira-mar, ainda tenho esperança que agarrem o futuro, tirando o país desta letargia, dignificando-o e devolvendo o verdadeiro significado à palavra Demo-cracia.
Luísa Penisga Gonzalez, Membro pelo B.E. na Assembleia Municipal de Portimão
PS - hoje, via email, recebi da minha amiga, de longa data, e conterrânea, Luísa Penisga, este artigo que publicou no Jornal Barlavento.
Não sou, como ela ,do BE. Sou militante do PS.
Tal não me impede, porém, de ser crítica em relação a algumas posições do PS, de concordar com algumas pessoas que, militantes e/ou simpatizantes de outros Partidos, ou não, pensam pelas suas próprias cabeças.
Partilho, convosco, o texto que a Luísa me enviou.