14/09/2018

Tertúlia fora de portas



CAFÉ COM LIVROS NO FUNDÃO





Reunidas as condições para responder ao repto lançado pelo nosso Amigo/Jornalista/Escritor Fernando Paulouro Neves, aquando da sua participação na nossa tertúlia de Novembro de 2017 http://palaciodasvarandas.blogspot.com/2017/11/cafe-com-livros.html , rumámos ao Fundão no dia 30 de Junho para realizar, fora de portas, o 26º  “Café Com Livros”.
Às 7.45, estava tudo a postos para partir. Esperava-nos um confortável mini-bus da Rodoviária do Lis, com um motorista simpático e cordial, o Sr. Elias Prudêncio, que deve ter ficado surpreendido com tanta e tão boa disposição àquela hora da manhã…
Estávamos todos. Mais as mochilas, malas, livros, tudo, como se fossemos uma semana de férias! Lá partimos no encalço das personagens do romance «Fellini na Praça Velha» e à descoberta, sempre surpreendente, do mundo e das raízes de Eugénio de Andrade. Que mais não fosse, isto bastava-nos! Mas aguardavam-nos surpresas. 

 Na área de serviço de Vila Velha de Ródão / A23
  Maria da Luz, Carmen Matos, Lídia Raquel, Helena Oliveira, Cristina Barbosa, Rosa Neves, David Teles,
      Florbela Ferreira, Isabel Trindade, Augusto Mota, Mercília Francisco, Mariana Neves, Lurdes Costa. 

O tempo também parecia ajudar-nos, a manhã chegara solarenga, mas sem muito calor, e o céu estava limpo. Seguimos animados pelo espírito tertuliano e amigo que sempre nos junta. Alegres e expectantes em cada quilómetro de estrada, fomos lembrando livros, poetas, músicas, cantores. A chegada às portas da Gardunha foi abençoada com as cerejeiras no auge do seu fruto. Ali estava o ouro vermelho daquelas terras, que nos deu as boas vindas até à entrada do Fundão. Hospedados no Hotel Samasa, ali esperámos o nosso anfitrião, Fernando Paulouro Neves, mais um grupo de amigos da Covilhã que também se juntou a nós. Em alegre “romaria” iniciámos o nosso “Café com Livros” fora de portas, com uma visita a um prestigiado restaurante do Fundão, onde fomos saborear a boa gastronomia beirã: cabrito estonado e bacalhau assado, acompanhados de outras iguarias. Mesa farta, onde não faltaram as cerejas e o aperitivo da conversa. O grupo continuava a aumentar com a chegada de mais uns amigos vindos de Castelo Branco.



Praça Velha – local central do romance «Fellini na Praça Velha» imaginámo-nos nos finais dos anos 50 e espalhámo-nos pelas sombras, pelos bancos e pelo chão, em frente ao Café Aliança, para onde convergia, naquela época, toda a agitação da urbe, aliás, o mundo conhecido transferia-se todo para o Café Aliança, que se transformava no microcosmos de um universo de fantasia e de resistência. O Café Aliança era um livro aberto onde se escrevia a história das gentes.
                                                                                                                                                              

  

   











 




















      
    

     Surpreendemos o escritor com a leitura de passagens do seu livro, algumas hilariantes, e que muito nos divertiram. Foi como se a leitura devolvesse àquela praça as personagens que o tempo lhe roubou… O Fernando sorria divertido, talvez admirado com o poder das suas próprias palavras, que se autonomizavam na rua, em cada texto que era lido. Por momentos, parecia que todos tínhamos sido transportados para dentro de um verdadeiro filme de Fellini…
…fomos felizes nessa ilusão!




     Seguimos por ruas e ruelas, situando a ação do romance em cada canto, em cada pormenor, em cada história que o Fernando nos contava. Em direção à Capela do Calvário e Chafariz do Espírito Santo, íamos saboreando cada momento, quando umas pingas leves nos começaram a cair na cabeça, mas de repente, de leves se tornaram pesadas, o que nos fez correr em debandada geral à procura rápida de um abrigo coletivo! Encontrámos um túnel entre os prédios e ali nos abrigámos. Refeitos da surpresa meteorológica, continuámos, mesmo ali, as nossas leituras e conversas… 







Com a chuva a dar uma trégua, dirigimo-nos para o Hotel onde, instalados na sala de estar principal, quisemos ainda recordar a obra do poeta fundanense, Albano Martins, que faleceu no passado dia 6 de Junho. Fez-se o encerramento formal do “Café com Livros”, brindando aos livros, poemas e poetas, com Brisas do Lis, feitas artesanalmente, e com mestria, pela nossa tertuliana Maria da Luz.



           



No dia seguinte esperavam-nos as cerejas e o mundo telúrico de Eugénio de Andrade. Atenção, pois, à reportagem, que em breve será publicada, das nossas visitas do dia 1 de Julho: Donas, Castelo Novo e Póvoa de Atalaia,  terra natal de Eugénio  de Andrade.
 
 “Café com Livros” retomará a sua actividade no próximo dia 29 com a presença da escritora Alice Vieira, em local a anunciar.

Até lá não recusem
                            um café quente
                                          um livro fresco
                                                         uma ideia nova


Texto de Rosa Neves
Fotos de Augusto Mota, Florbela Ferreira, Lídia Raquel, Mariana Neves e Rosa Neves
A foto do grupo junto do mini-bus foi tirada pelo motorista sr. Elias Prudêncio com o telemóvel da Carmen Matos
Edição de Augusto Mota 



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