26/08/2006

8. Um traço

Um traço apenas na folha de papel
( esse teu infinito de trazer por casa ),
Um traço entre a terra e o céu,
fino, direito, vertical -
Que seja ele apenas o sinal da tua presença,
a dizer que estiveste aqui,
estás ainda, estarás sempre -
Nada aí se escreva ou diga,
nada mais se acrescente,
ao que, a lápis, traçaste com mão leve -
Aí estará toda a tua vida:
todos os sonhos que derramaste na hora,
todo o áspero caminhar de teus pés nús
sobre as lâminas aguçadas do instante,
e, acima de tudo,
o som que te levava ao êxtase:
o largo e leve rumor de uma seara,
ao entardecer, nas planuras do teu amado Alentejo.
Quem sabe se alguém um dia não passa por aqui
e ao risco que traçaste acrescente o seu
e o teu sonho infinitamente prolongue.
António Simões, (poemas antigos ), inédito.

2 comentários:

della-porther disse...

Adorei o traço que traçaste aqui.
muito bonito.

beijos

della-porther

António Simões ,Augusto Mota e Gabriela Rocha Martins disse...

dellita!

a tripulação desta Nau - a nível de Almirantado e Contra-Almirantado - sofre toda de enjoo marítimo.
resultado ,cabe-me a mim ,simples grumete de convés fazer os respectivos agradecimentos
.
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assim ,e ,em nome do Contra-Almirante António Simões ,um beijo amigo
.
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e volta sempre ,Amiga!