12/09/2007

Voa meu Corpo

3. Voa meu corpo
Voa, meu corpo,
na brisa do vento,
no bafo do suão
que arde violento
e varre as planuras
como um lobo de lume -
Voa ,meu corpo,
ancorado na luz.
4. Falávamos do tempo
Falávamos do tempo -
Tocaste-me ao de leve os cabelos
e foste abrindo clareiras para o vento passar;
perto, uma mulher cantava em surdina,
num quintal, encostada a um muro de pedras soltas -
O sol do Alentejo cegava-nos as palavras:
o que íamos dizendo sobre o tempo
escorria-nos agora dos nossos olhos
ancorados na luz.


António Simões ,inéditos , 1999.
Composições de Augusto Mota sobre poemas de António Simões.

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