22/12/2011

IV Antologia de Poetas Lusófonos



-o silêncio é d'ouro
14 de janeiro 2011



ousam.se os cânticos........ as danças -
a polca o minueto a quadrilha a valsa -
como passagens fotográficas de
divas de outras eras........ exaltações de tempos
onde o verbo se construiu em rastos tão
longevos como a ampulheta que ainda
hoje foi ontem........ nos sonhos prescritos há
caudais de água e naufrágios de barcos
prontos a azular
tolhados pelas linhas que no horizonte fazem
tábua rasa........ um minúsculo aracnídeo
oscila entre o regresso ao nada que
a mente do poeta
fabulou e o fruto maduro que medra
na haste por onde deslizam as vozes que
clamam vingança

-serve.se fria

em pequeníssimas
doses que circulam
ímpias
no espaço dividido entre o muito o pouco e
o nada como se este se antecipasse ao ritmo
do vento semeado a esmo
neste refúgio incómodo que se antecipa ao
silêncio
ao meu silêncio........ ensaio de raiva
fonte de outono ou alvoroço de
inverno........ alimentados pelo tumulto da lava

queda.se o verbo
travestido em âmbar


-que sabeis vós da minha indiferença?


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-retratos de uma cidade
25 janeiro 2011




centímetro a centímetro engrossam
as palavras........ breves........ átonas e
dissonantes presas a caudais de lava que
escorrem sobre as barrigas de textos
prontos à desova........ são peixes
mortos que engrossam as correntes ou
poluem as margens de monografias prenhes
de palavras vãs
esgotam.se as iluminuras e as vestes dos
lobos que em alcateia descem sobre a
cidade abocanhando o frio da noite

há esgares de morte nos passeios e

os sem abrigo deixam rastos de sangue
nas traseiras das casas por onde escorrem
fios de água........ rubra........ como a baba que des
ce pelos meus textos
vejo.os encolhidos no silêncio........ ou encobertos
num vão de escada onde o poema incompleto
absorve o abandono........ impressos na folha de jornal
que lhes serve de mortalha

acresço uma linha aos fragmentos nocturnos e

três degraus........ ao fumo........ que lhes reserva
a memória

será que a consciência pesa?





gabriela rocha martins,
18 de dezembro 2011.

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