(…)
21
exausta
depois da chama divina incendiar
o seu
espírito adormece agitada labéria
flamínia
vinda das longas distâncias do sul
no jardim
escondido de quem passa na rua
deserta
febril prende a manta sobre o corpo
tão ínfimo
da mulher virgem e maternal
22
encanto da
voz como se fora um feitiço
chamando a
miraculada presença do deus
entre os
homens de esperanças adiadas
e
desencantos vários no odor da resina
em chama
viva e lenta como relâmpago
flamejante
eras tu a doce mensageira
23
o sol
despontava nos vinhedos de colipo
os cachos
doirados e escuros despertos
como se um
milagre fosse da criação
a bênção
súbita nas suaves colinas
que abraçam
o rio e as suas águas
frescas
modulando a terra e as penhas
(…)
Orlando Cardoso, in «as uvas de Labéria Gala»
Obra distinguida com o 1º Prémio do Concurso de Literatura do Instituto Politécnico de Leiria (Categoria de Poesia) - 2007. Edição IPL , 2008
Foto e manipulação cromática: Augusto Mota
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