02/05/2014

Naquela manhã




HAVIA NAQUELA MANHÃ DE ABRIL





A Salgueiro Maia, nos 40 anos do 25 de Abril


 havia naquela manhã de abril
um odor a cravos
perfumando a cidade

eram brancos, vermelhos, matizados
da cor dos sonhos oprimidos
sem idade

havia no ar primaveril
um som de vozes
bailando à toa no eco das ruas 

eram risos, cantos, brados festivos
arrojados do mais fundo
das almas nuas

havia no radioso céu de anil
uma alegria pura
sem conta nem medida

e uma maré de gente laboriosa
tomava por fim nas mãos
o rumo da sua própria vida


Carlos Alberto Silva  
        25-04-2014




fotos de Augusto Mota, da série "Transfigurações"

editado por augusto mota
 

1 comentário:

Júlia Ribeiro disse...

Sim, havia tudo o que desejar se podia.
E esperança, tanta esperança que era quase certeza.
Naquela manhã clara, gloriosa , havia tudo de bom .
Hoje sentimos que até o rubro dos cravos de circunstância fica a destoar.

Abraço
Júlia