07/06/2014

Poesia



SABRES, SEMENTES






o homem que lavra
a terra, abre
um sulco; assim é a palavra:
rasga como um sabre,
mas ela é a própria semente
em tudo o que lavra.

abre-lhe teu coração
confiadamente,
deixa que se aninhe
e cresça e fermente
e te  intumesça o sonho,

deixa que a palavra
seja o arado
e a semente
e a seara.

António Simões, in «Diário de Lisboa», 1981


foto: Augusto Mota / Vale do Lis


1 comentário:

Júlia Ribeiro disse...

Magnifico !

Júlia