Sento-me no banco
Do pequeno largo -
O vento arredonda
Os meus sobressaltos e perde-os no ar.
O dia arde ainda na copa das árvores,
Nas asas dos pássaros,
Nos olhos dos velhos
Perdidos no tempo -
Meu corpo é um barco
Ancorado na luz. 3. Voa Meu Corpo Voa, meu corpo,
Na crista do vento,
No bafo do suão
Que arde violento
E varre as planuras
Como um lobo de lume -
Voa, meu corpo,
Ancorado na luz. 4. Falávamos do Tempo Falávamos do tempo -
Tocaste-me ao de leve os cabelos
E foste abrindo clareiras para o vento passar;
Perto, uma mulher cantava em surdina,
Num quintal, encostada a um muro de pedras soltas -
O sol do Alentejo cegava-nos as palavras:
O que íamos dizendo sobre o tempo
Escorria-nos agora dos nossos olhos
Ancorados na luz. António Simões, inéditos,
Évora, 9 de Julho de 1999.
8 comentários:
Três magníficos poemas com toda a força telúrica do Alentejo. Terra do pão e de poetas. Um abraço, Amigo Simões!
O enlevo, a ternura e o encantamento são sentimentos que a leitura dos poemas de António Simões me despertam. Fico sempre, nas palavras, muito longe das minhas verdadeiras emoções, mas não resisto a dizer o que realmente sinto quando o leio.
Um beijo, ao fim da tarde.
Um abraço, Poeta!
Outro.
E seja muito bem vindo.
É tão doce ler o poeta António Simões antes de recolher. Suaviza a alma.
Dolentemente terno e nostálgico ! como o "cante" alentejano.Gosto muito !
São muito bons os poetas deste blog.
Alvíssaras!
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