20/05/2012

............................. arrasto






chegam as palavras

lançado o arrasto
ao mar
prende.se no horizonte
dos barcos
suspensos
nas marés

há silêncios
amargados
no cais

partem os poemas

 
                  Gabriela Rocha Martins



Poema: Gabriela Rocha Martins, in Poem'arte.nas margens da poesia / Antologia da III bienal de Silves, Abril de 2008, p.165.
Foto: Cristina Pires, Vale do Garrão, Algarve, Agosto 2011.

As árvores anoitecem







Lentamente
as árvores anoitecem

são lanternas
que se apagam
por entre cânticos de luz
evanescentes e diurnos

como se um fogo íntimo
as devorasse
entre águas deslumbradas
e puríssimas

nenhum vento as perturba
memória nenhuma as divide

                                     Luís Serrano

                                

Poema: Luís Serrano, in Poem'arte.nas margens da poesia / Antologia da III bienal de Silves, Abril de 2008, p. 122.
Foto: Augusto Mota / anoitecer sobre o meu jardim, em 29 de Abril de 2012.

Colateralidades 2



 


 

 

Colateralidades 1





 



Este desenho de 1961, oferecido na altura ao meu amigo e artista plástico Pedro Frazão, revi-o recentemente em sua casa, passados todos estes anos, devidamente emoldurado e em lugar de honra, trabalho do qual não me lembrava ninimamente.  Fotografei-o para, agora, poder desenhar, a rigor, as palavras que ele me suscita e que são, também, uma homenagem à intensa e louca criatividade desses anos de brasa...

13/05/2012

Azulejos ARTE NOVA no Museu de Cerâmica de Sacavém



Inaugura no próximo dia 18 de maio, às 19 horas, no Museu de Cerâmica de Sacavém, a exposição itinerante «A Arte Nova nos Azulejos em Portugal», da colecção de Feliciano David e Graciete Rodrigues, depois da sua exibição em Aveiro e na Figueira da Foz.
«A Arte Nova nos Azulejos em Portugal» é uma exposição ímpar no panorama artístico e cultural português, que contempla mais de uma centena de painéis representativos das mais importantes fábricas nacionais – Sacavém, Fonte Nova, Devezas, Carvalhinho, Lusitânia, Constância e Caldas da Rainha, bem como de diversas fábricas internacionais.
Traz a público uma extensa e sistemática colecção de azulejaria nacional e internacional de pendor Arte Nova que, ao longo dos anos, foi cuidadosamente reunida por Feliciano David e Graciete Rodrigues, ilustres coleccionadores com admirável trajecto de colaboração com o Museu de Cerâmica de Sacavém. Esta exposição ficará patente ao público até final do mês de Janeiro de 2013.
Ganha destaque por se tratar da primeira exposição de azulejaria nacional exclusivamente dedicada à temática da Arte Nova. É comissariada por António José de Barros Veloso e Isabel Almasqué, especialistas em azulejaria, que também assinam os textos do catálogo.

Não perca esta cerimónia da inauguração, inserida nas comemorações municipais do Dia Internacional dos Museus, que conta com a presença de Feliciano David e dos comissários da exposição, além de um antigo trabalhador da Fábrica de Loiça de Sacavém, responsável pelo ateliê de azulejaria, que mostrará técnicas e métodos de produção mais utilizados.

12/05/2012






02/05/2012

Desencantado encanto






à memória do Adriano

1.

Como no pano
vai roendo a traça
assim o amor nos dói
no desengano.

E tal como o ciúme
nos doem as invejas,
quais larvas mordendo
a carne das cerejas.

E dói-nos a traição
mais do que nos dói
a dor sentida
no lume da paixão.

Neste país pequeno
tudo nos dói ou rói
dos costumes brandos
ao clima ameno

Que ameno e brandos
eles são suporte
dos fortes mandos.
E da tua morte.

2.

Pranto reprimido
ou desencanto encantado?
O que há ferido
o canto?

Que ácido veneno
ou inabitável solidão
te há corroído
o coração?


António Ferreira Guedes, 1983 (inédito)

Foto: Augusto Mota / um encantado poente sobre o meu jardim, 29.04.2012

Com a publicação deste poema inédito de António Ferreira Guedes, dedicado à memória do seu amigo e colaborador nas canções de intervenção, o Palácio das Varandas associa-se à homenagem que no próximo dia 5 vai ser prestada a Adriano Correia de Oliveira, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, homenagem integrada no 70º aniversário do seu nascimento, organizada pelo Sindicato dos Professores da Grande Lisboa.