iniciando o seu percurso alquímico,
dizendo o tempo desconexo, enumerando cavalos,
borboletas de alfazema, ervas luminosas,
os pássaros e os saltérios ( os cabelos em Marte ). Toda a vida esperei, com o rosto cego,
esperando a morte das crisálidas, a inocência
amarelecida,
de encontro às nuvens, cega pelo galope cego
dos cavalos cegos, seguindo a cegueira,
oh, a pobre cegueira parada dos meus dias, a minha cegueira cintilante,luminosa, contudo,
esquecendo os relâmpagos,
na sua essência melancólica, na sua mecânica
de excessos. Manobravam, sobre mim, as formas, os gumes
sem limites,
o corpo, os planetas sagazes,
tocada pelo profundo açafrão das estrelas,
entre balanças precipitadas,
velaturas nas janelas enunciando o espírito,
os anéis de fogo, nocturnos arquipélagos expressando a unanimidade
das trevas,
os olhos nublados, numa turbulência sôfrega,
inventando asas, pérolas,
como uma rosa tímida, sumptuosa,
em joelhos sobrenaturais.
Maria do Sameiro Barroso, inédito, in "Idades Sonâmbulas".
3 comentários:
De início,
os ecos de um poema
e uma lírica - a minha - ressequida, almeja a tua fonte...
Perdi-me no sonho, ao ler-te, mas encontrei a antiga sabedoria que só traz a idade das manhãs geladas.
é tão bom ler-vos sem comentar...
obrigada, meus Amigos!
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