Tocas na pedra
e sentes na ponta dos dedos
a parede fria do tempo -
ali, dura, inexorável;
teu corpo estremece -
é então que em tua alma
começa a bater as asas
um pássaro de asas cálidas;
é um murmúrio de vento,
um canto de menino que ouves agora -
e a pedra fica quente
como os pães acabados de sair do forno
nas tardes da tua infância
e abre-se em fatias de luz. António Simões, inédito, "Seis poemas com pedras dentro", in JL, 2000.
4 comentários:
Fatias de luz. Pão saído da infância. Cozido na maturidade. Oferecido mesmo à beira da boca do forno.
Sei que sou suspeita.
Gosto em demasia da poesia do António Simões para conseguir ser objectiva.
Toca profundamente.
é tudo muito bonito. o poema. os vossos comentários.
obrigada.
Enjoyed a lot!
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