31/01/2006

a geografia do prazer

A boca respira outras sensações e molda a paisagem ao ritmo da descoberta. Novos caminhos sobrevivem a tão ingente esforço e na madrugada habitam os gestos que correm e percorrem o sabor do corpo. Que novo sentido definirá esta hesitação que povoa a geografia do prazer?
Uma mulher em oferenda sagra a cidade que habito em cada gesto. Alongo e prolongo as mãos e, assim, o horizonte aproxima o ritmo de um outro poema. É Vivaldi escutado entre a memória e o presente, onde cada gesto antecipa o futuro e morre à sombra das palavras que a emoção não articula.
Outra gramática terá que definir a sintaxe das novas sensações e povoar as mãos com a recordação dos dias que vivemos em cada segundo.
Augusto Mota, inédito, in "Geografia do Prazer", 2000.

3 comentários:

Anónimo disse...

De uma envolvente poesia que chega a comover.
Prosa poética de singular ritmo e de cadência muito bela.
Um poético abraço no fim deste seu mês, caro Augusto Mota!

Anónimo disse...

Poesia, Música, Prazer, Encantamento.
Puro Hedonismo Puro.
Glorificação da Ciência do Prazer na Geografia de um corpo moldado ao som de Música.
É Primavera. É Verão. São as sinfonias átonas de um Amor vivenciado/recordado.

Anónimo disse...

Geograficamente mal comparando, fico indecisa entre a imagem e o canto.
Palavras de um Poeta...Sonhador?