29/07/2006

6. O lugar onde estamos

Tem de ser tua força a acompanhar-me,
ó palavra que trago escondida
no mais íntimo da minha carne,
esta carne de alma, onde, esquecida,
corre uma criança
vestida do corpo azul do vento
e que vai, sobre colinas ásperas,
à procura do sol que tem lá dentro -
Tens de ser tu a sustê-la:
amarra-a ao chão,
acorda-a num grito,
para que não procure mais além a estrela
que traz no coração -
Debaixo dos seus pés é que nasce o infinito -
Tens de ser tu a acordá-la,
ó palavra secreta
que o Pai me segredou quando nasci.
Tens de ser tu a dizer-lhe
que o lá, o longe, é aqui -
O lugar onde se está é que é a meta.
António Simões [ poemas antigos ], inédito.

5 comentários:

Anónimo disse...

Versos fortes ( a sangue e lava ...) sentidos de uma alma fundida em geradora e gerada, pai e criança, longe e perto procurando o que encontrado já está. Enternece-me porque me toca bem fundo.
Um abraço, poeta A.Simões.

Anónimo disse...

A criança que trazemos aqui dentro ...vou pensar nisso....faz algum tempo tinha esquecido-me.

beijos
della

Anónimo disse...

é assim a beleza deste recanto ... com as flores/poemas de um grande senhor das letras lusas ... sabe bem lê-lo, diariamente, não sabe, Fernandinha?

porque será que os Poetas do Palácio nos enternecem tanto?

um beijinho grato.

António Simões ,Augusto Mota e Gabriela Rocha Martins disse...

não acredito.
tenho-a encontrado, tão fresca e tão jovial, quase diariamente, no ksar al-sharajibe.

um beijinho, dellita!

della-porther disse...

É que al-jib é um encantador... capaz de me conduzir por entre as areias do deserto...e lá me solto ao sabor das brisas dos oásis...a água é deliciosa, as tâmaras...tem a companhia dos dromedários...e tem al-jib...com sua alegria, então, esqueço tudo e lá sou criança de mim.
beijos carinhosos
dellita