Fiquei ali parado a olhar, não sentia a respiração nem sequer o eco de uma batida do meu coração, continuei parado por momentos de olhos abertos mas, sem um único pestanejar. Senti encerrado um sentimento de inactividade constante, dormente...
Não sei quanto tempo durou, não me contentei num qualquer sufoco ou sequer tremi, mesmo que por um pouco, estava ali mas, sem um pensamento inócuo.
Tentei levantar-me, creio ter sido esse o meu único pensamento, tentei fazer algo com o meu corpo para desviar o medo, criar uma barreira a todos os sentidos para que ao permanecer ali "presente"me defendesse, mas senti-me,... cuidado! II
Afastei os lábios, num fechar de olhos delicado, senti uma secura enorme, apesar das mãos suadas, continuei ali deitado aproveitando o sussurrar de mais um amanhecer frio e bastante calmo.
A agitação empurrava os sentidos para uma luminosidade imperfeita, ofuscada uma e outra vez pelos fantasmas do pensamento ou de um abrir e fechar de olhos encadeado, ... porque à procura de uma ilusão perdida ou vagamente imaginada.
O silêncio de novo, sim, o silêncio voltava como uma onda de dor vibrante, arrebatadora como um coágulo que aumenta a cada inspirar profundo de tristeza, assim devastador porque de uma maneira ou de outra existem acontecimentos que não vamos nunca controlar.
Foi durante muito tempo algo iníquo, não saberei bem quanto porque ainda não terminou.
Continua a ser tão difícil entender, como um desejo me leva à obsessão e mais impraticável, porque não posso aceitar o quão ténue e rarefeito coloco desse ponto, a distância imensurável, ao ódio penoso.
A caminhada continua longa, ainda que encantado, não há espera de um carinho, mas de uma outra desilusão, vingança.
III
Obcecado no teu olhar, sem nunca o dizer, era com muito orgulho que te sentia na minha companhia todos os dias. À medida que os acontecimentos irrequietos iam moldando as nossas vidas, o mesmo orgulho que me inspiravas foi-se revelando na sua plenitude, ao ponto de parecer não ter retorno.
III
Obcecado no teu olhar, sem nunca o dizer, era com muito orgulho que te sentia na minha companhia todos os dias. À medida que os acontecimentos irrequietos iam moldando as nossas vidas, o mesmo orgulho que me inspiravas foi-se revelando na sua plenitude, ao ponto de parecer não ter retorno.
Vi o Amor, pensei e compreendi que jamais poderia estar a acontecer algo de tão excepcional, mas mais uma vez, lembrei-me da maneira mais dura que,... o Amor é cego, porém, os amantes,... conhecem-se.
Consegui reconhecer também a enormidade nesse mesmo Amor, porque a vastidão do Universo reduzida apenas a dois seres, o tempo que altera o ritmo quase tão depressa como o bater do nosso coração, a respiração ofegante, a procura do Amor.
O Amor é perfeito, apenas isso entendo, e retiro dos momentos vibrantes em que fomos amantes.
( continua )
Texto de Manuel Rodrigues, inédito.
Composições e ilustrações de Augusto Mota.
5 comentários:
aguardo então a continuação do texto de M. Rodrigues.
GraTa!, a Augusto Mota!
Bons Domingossssssssss!
eheheheeeeehhhh!
agora que eu deixei os rosas (no sulmoura) cá estão eles! Gosto muito, há muito, deste rosa com castanho!
Belo o vosso blog! (acho que hoje ainda não o tinha dito, pois não?)
:-P
bêjussss
olá!
é que este rosa não é bem rosa ... pelo menos nos meus monitores ... pende assim a modos que para um salmão que não desgostei e ,segundo parece ,pelo menos assim se manifestou ( o que é raro ,muito raro mesmo ) ,também é do agrado do Almirantado!!!!
quanto ao mais ,a beleza está ,essencialmente ,nos vossos magníficos trabalhos
um beijo , maria t ,da tripulação ( pela pena do grumete de serviço - contínuo )
quanto à continuação ... ei.la!!!!!
um beijo ,maria t.
notável poema, Maria Toscano.
não se pode dizer mais nessas poucas mas suficientes palavras que transbordam de emoção.
e tudo isto partindo de uma belíssima foto do Augusto Mota
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