

corre o rio -
amigos, vinde
vê-lo correr;
sejamos só
no riso alegre
desta tarde,
um só olhar;
dando as mãos,
mais que o vento
nos elevemos,
ai, mas levando
nas asas brancas,
aquela esperança
que nós sentimos,
azul nascendo,
tão grata e querida,
cada manhã.
amigos, vinde,
que o rio do tempo
não espera por nós;
depois, quando
alto voarmos,
deixemos todos
no mesmo instante
cair as flores
da nossa esperança.
não por magia,
não por mistério,
mas porque nós
um dia cremos
que o nosso sonho
e a nossa morte
era o futuro
por nós nascendo,
paz e amor
será o rio:
esta alegria
cheia das flores
de cada alma -
esta alegria
azul nascendo,
tão grata e querida
cada manhã.

Poema de António Simões, Coimbra, no tempo da ditadura, de 1955/1960
Textos Transversais de Augusto Mota.
Sem comentários:
Enviar um comentário