02/04/2008


a perdiz tem as patas de grés unidas pelo cordel azul
caem penas sobre o cesto das romãs é a tarde
falha a luz
saem clientes com os plásticos ou papel
com a fruta contada
esperam a noite
a perdiz é uma ave perdulária no tropel da passagem
uma gota de sangue sem olhos
um vento frio na paisagem
jaz exposta à rua como o desafio que foi a caça
talvez uma resposta de quem gosta de matar
talvez ali junto ao louro posta
vejamos seus olhos e verdadeiramente saibamos
o que é uma ave dardejando por entre pinheiros
irmã comum do ar

Poema inédito de José Ribeiro Marto
Textos Transversais de Augusto Mota.

1 comentário:

hora tardia disse...

o prazer de ler.


entre o endógeno e o secreto rugir telúrico.