01/10/2005

Meninos do Cais II

- Mocinho, não vais à escola?
- Na senhora... na sê ler, o que vou eu lá fazer?
- Mocinho, não tens sapatos?
- Na senhora... os més peses são mais grandes q'us sapatos. Os peses da gente são como os passarinhos, na apreciem gaiola.
- Mocinho, o que fazes aí sentado a olhar o mar?
- 'Stava só a pensar... s'é fosse pêxe gostava de ser roaz.
- Porquê roaz?
- P'ra roer as redes e dêxar os pexinhes miúdos voltarem p'ro mar.
Glória Maria Marreiros, in "Algarve, a gente e o mar".

6 comentários:

Anónimo disse...

A sensibilidade de uma alma aliada às suas gentes algarvias.
Só uma poetisa de singular sensibilidade alia o saber das suas gentes à ingenuidade de uma criança.
A ternura com que tudo é dito e escrito.

Anónimo disse...

Como é comovente este falar do sul.
A beleza de uma Poetisa que sente o sofrer das suas gentes, na ingenuidade de uma criança.
Como tudo parece natural nas mãos da Glória Maria Marreiros.

Anónimo disse...

São o encontro de duas almas puríssimas.
Uma a criança. Outra, Glória Maria Marreiros.

Anónimo disse...

e é. como a Autora.
tudo muito, mas mesmo muito, natural. e simples. como só ela.
"the Queen Glory"

Anónimo disse...

não, Artur!
não são duas. é apenas uma. a Glória.

Anónimo disse...

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