Que sobe das chaminés -
Pão volátil, pão sem rumo,
Eu não sei o que tu és. Minha mãe amassa a brisa
Que mal se sente passar -
Tão leve, o pão desliza
Entre os lábios devagar.
Minha mãe amassa o rito
Duma missa muito sua:
No altar do infinito,
A fazer de hóstia, a Lua. Minha mãe amassa crente
Na bondade desse Deus -
Só que às vezes não entende
Que desígnios são os seus. Minha mãe amassa e sonha
Com a paz dum mundo novo,
Sem essa vida tristonha
Que era a vida do seu povo. Minha mãe amassa e canta -
Duma coisa está segura:
Um dia o sol se levanta
Sobre o fim da ditadura. António Simões, in "Minha Mãe Amassa o Pão", Câmara Mun. de Beja.
4 comentários:
Não sei de outro lugar
Onde me encontre de forma tão perfeita,
E original...
Olho este poema,
leio-o,
e passo a sê-lo;
inspiradíssima e sempre querida, Anamar!
como, de uma forma tão simples, se pode dizer tanto.
muito obrigada pelo seu ser poético, Maria Júlia.
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