pedras pernas
pedras penas
pedras pousadas
pedras pesadas
pedras presas
ao chão da amargura,
tomai minhas pernas,
tomai minhas penas
( que são de voar ),
e, pedras, andai,
voai pela tarde,
subi até ao alto,
ao mais alto do ar;
pedras, já pássaros,
descei a meus braços,
levai-me prò outro lado,
para o reino encantado
onde as pedras têm penas,
onde as pedras têm pernas
pra voar e andar. pedras pousadas,
pedras-palavras
no chão do poema,
aqui vão ficar;
(não te esqueças porém,
leitor prevenido:
em cada uma
há um pássaro escondido ). António Simões, inéditos, "Seis poemas com pedras dentro", in JL, 2000.
8 comentários:
De novo o folêgo suspenso. Porquê a surpresa e o espanto?
Senhor poeta, tiro-lhe o chapéu!
Para o António Simões, de cujos versos faço norte, um fortíssimo abraço.
Recanto a céu aberto, ao deus - dará
pois que não tem início, nem final
composto de mil palavras pequeninas,
este espanto que trago em mim.
Presa no sonho... Terno devaneio...
Lenga-lenga, ladaínha ? Melodiosa e encantatória, obriga-nos ao antigo e quase esquecido jogo de ler e reler, ouvindo a nossa voz a inventar os sonhos de outros que são também os nossos próprios.
Fernanda.
de novo, fico naquele mutismo gostoso em que vos leio e releio.
acrescentar fosse o que fosse seria demais.
obrigada, meus Amigos!
duas palavras, porém, no feminino.
para a João e Fernanda, um beijo da gerência.
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