13/10/2005

Soneto de Fogo

O que é de fogo, o fogo não consome
Poema da palavra sempre acesa! -
Porque ela é agora labareda
Que arde dentro de seu próprio nome.
Fogo que nada apague, ninguém dome,
Aqui o deixo perpétua oferenda,
Onde a alma seu lume reacenda
E de ternura vá matar a fome.
Se alguém arrefece, aqui venha
Aquecer-se ao fogo desta lenha,
Do incêndio que no poema lavra.
Invernos de alma, ou quando a gente queira,
Acesa estará sempre esta lareira
Canto do fogo puro da palavra.
Augusto Simões, in "Soneto de Água e Outros".

6 comentários:

Anónimo disse...

Um novo soneto tão forte quanto o outro. São poucos os belíssimos sonetos de António Simões. De facto, o Poeta, é exímio na forma e no conteúdo. As imagens são de uma imensa força.Irresistíveis.
Muito bom.

Anónimo disse...

Não me digam para onde vou se me aqueço no fogo deste soneto a dois.

Anónimo disse...

A força deste Soneto chega a magoar.

Anónimo disse...

não comento o inquestionável...pelo contrário, subscrevo o pleno.

Anónimo disse...

É, este soneto é fogo e ...arde !
Fernanda.

Anónimo disse...

De que maneira, amiga Fernanda!
É assim, o António Simões.