25/10/2005


Sujeito Indeterminado. Augusto Mota
esta manhã fui agradavelmente surpreendida com este "Sujeito Indeterminado", breviário de brevíssimos textos do "jardineiro-filósofo"Augusto Mota.
e não resisti ao ímpeto de o ler, de um fôlego.
aliás, é impossível resistir a esta tentação...
...como é impossível resistir à tentação de sobre o livro escrever algumas despretensiosas notas.
então,
comecemos pelo título.
não sei se por acaso ou não, no título aparece "Sujeito Indeter/minado". de facto, todos os textos são pequenas minas que o autor lança ao leitor desprevenido. e, nós ficamos "cidrados", "colados" a uma pertinaz sucessão, onde tudo/nada é deixado ao acaso.
a brancura da folha, alvíssima - também aqui há primorosa escolha - escurece, apenas, numa subtil, porque ténue, imagem, numa mancha de água consentida, ou no vestíbulo primorosamente escrito por Alberto Pimenta. aqui, aliás, tudo é consentido. até o absurdo.
( "À semelhança da arte conceptual, que não pinta ou representa objectos, mas sim projectos ou ideias, na mini-ficção não há acções, mas apenas o que poderia chamar-se a sua meia-luz, isto é, a linguagem que as encena"
- Alberto Pimenta, in vestíbulo. )
mas são as 70 folhas, que compõem o livro, que nos comprometem. e fazem-no porque o autor leva-nos a uma viagem imparável, através das nossas/suas ideias. somos induzidos de página em página, sem querermos, convencidos de que tudo já está dito, para, na página seguinte sermos surpreendidos, de novo. e o que mais fascina, neste livro, é a possibilidade de, cada um, ser o próprio autor.
é, também, no mundo do "conceptual" que Augusto Mota é artista, porque é de arte que aqui se fala, meus Amigos ...sendo este brevíssimo breviário a sua "barca de Noé"!
- um cheiro a tinta de impressão -

10

arma

Usava as palavras como arma.

Depois guardava-as secretamente

como se fossem livros. Um dia, por

descuido, a biblioteca pegou fogo e

ele sucumbiu à explosão do arsenal

das suas próprias ideias.

...decididamente, um livro a não perder!

7 comentários:

Anónimo disse...

Despertaste-me a curiosidade, Gabriela!

Anónimo disse...

Registei, Amiga!

Anónimo disse...

Trazes nos gestos, nos olhos, nas palavras, na esperança que dás aos outros, o desespero de quem tudo quer não querendo nada.

Anónimo disse...

então, o que esperam?

aguardo os vossos comentários mais aprofundados. para tal há que ler a obra.
tratem de procurá-la!...

Anónimo disse...

o desespero é comigo?

mas, Manelcito, eu não estou - lagarto, lagarto! - nem nunca estive ( o poeta é um fingidor. serei poeta? )desesperada...

desesperos? só de causas!

Anónimo disse...

Bravo, Gabriela ! rápida e profunda leitura, tudo saboreando e analisando com um saber de fazer inveja aos deuses, menina !! Eu comecei somente a desfolhá-lo lentamente, voltando atrás antes de chegar ao fim, para não consumir de vez, apaladando os aperitivos, folheando, vendo capa, contra-capa, vinhetas, títulos, sub-títulos, saltitando de umas páginas para outras... Não vamos desvendar tudo ! Procurem, procurem que vão achar um tesouro. E, depois tragam-no sempre convosco, no bolso, qual breviário, para vos acompanhar a todas as horas do dia. E mais não digo, hoje ... Temos tempo !
Fernanda.

Anónimo disse...

muito tempo, até!

é bom, muito bom mesmo, saborear este doce aos poucos...não façam como eu, amigos, que sou uma irresistível "glutona".
sigam, antes, o conselho da Fernanda.
confesso-vos, porém, o meu pecadilho...quando gosto, repito a dose...várias vezes, até à exaustão!

e fá-lo-ei.