10/06/2007

No Dia de Camões e de Portugal

Camões e a tença
Irás ao paço. Irás pedir que a tença
seja paga na data combinada.
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce.
Em tua perdição se conjuraram
calúnias desamor inveja ardente
e sempre os inimigos sobejaram
a quem ousou mais ser que a outra gente.
E aqueles que invocaste não te viram
porque estavam curvados dobrados
pela paciência cuja mão de cinza
tinha apagado os olhos do seu rosto.
Irás ao paço irás pacientemente
pois não te pedem canto mas paciência.
Este país te mata lentamente.



Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagens compostas por Augusto Mota, a partir de textos seus e de António Simões

nota - o poema de Sophia Andresen foi-nos enviado por Amélia Pais

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