07/10/2005

As flores do mal

pelas montanhas oblíquas
desenham as mulheres
o rosto com os dedos
rostos sempre tapados
para o terror dos vivos
não sei se elas se mostram
o que ao mundo querem dizer
freiras absurdas do vento e do medo
murmuram: "irmão, não deves rir"
não sei se elas se mostram
não sei se elas vão ser
não sei se elas não choram
se cantam um burburinho forte
ou se são fadas com gemidos
sempre sempre sempre a dormir
não sei se elas são estátuas
não sei se são de vidro
Maria Azenha, in "Nossa Senhora de Burka"

4 comentários:

Anónimo disse...

Resolves pela palavra - POETA - um segredo que o teu bonito sorriso cobriu de mil silêncios.
Em Silves fizeste luz.

Anónimo disse...

Ao sul a POESIA cresceu num amarelo ouro.
Foi Abril. As portas se abriram e se fez canto. MAIOR.

Anónimo disse...

e de que maneira se viveu POESIA, em Silves... foi muito bonito o que então se fez...

Anónimo disse...

a Maria Azenha é daquelas pessoas que antevejo em...recordações de um sorriso muito bonito...ou palavras firmes ditas com muita douçura.