as pessoas não sabem tudo. se soubessem tudo não eram pessoas, eram enciclopédias
mas as enciclopédias não dizem tudo. se dissessem tudo não eram enciclopédias
eram pessoas
as pessoas dizem preferencialmente o que não sabem. se dissessem só o que sabem não eram pessoas
eram burros
os burros não dizem coisa nenhuma. se dissessem não eram enciclopédias nem pessoas
eram burros falantes
os falantes são preferencialmente pessoas. se não fossem
eram discos, fitas magéticas, CDs ou impressões digitais
Ernesto Mello e Castro, inédito, Janeiro 2004.
10 comentários:
Insuspeito e de superior qualidade este texto de Ernesto Mello e Castro.
Um estupendo artifício literário.
O surrealismo da escrita transformado em texto criativo.
Tão genuinamente ernestiano...
Eis o acto maior de escrever, descrevendo!
De mestre....Ernesto Mello e Castro!
Admiro a subtileza deste enigmático texto. suficientemente inteligente e criativo, publicado num blog de muita qualidade
Insofismável sofisma literário. Magnífico!
Do que se escreveu, do que está descrito,
só agora reparo, em exclamação:
é aqui o princípio do infinito!
É junto de quem pensa, justo aqui,
que busco o alimento nutritivo e eloquente, já que
ao concreto prefiro o abstracto.
E assim vou procurando o nexo até à exaustão.
muito obrigada, meus amigos,pela maneira muito natural, e muito vossa de "vestir" este texto de Ernesto Mello e Castro...
outros na forja estão...
a condimentar!
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