22/10/2005

O SOL, A LUA E O ASTRO MAIOR / A TOTALIDADE DO SABER FRAGMENTADO

1.
as pessoas não sabem tudo. se soubessem tudo não eram pessoas, eram enciclopédias
mas as enciclopédias não dizem tudo. se dissessem tudo não eram enciclopédias

eram pessoas

as pessoas dizem preferencialmente o que não sabem. se dissessem só o que sabem não eram pessoas

eram burros

os burros não dizem coisa nenhuma. se dissessem não eram enciclopédias nem pessoas

eram burros falantes

os falantes são preferencialmente pessoas. se não fossem

eram discos, fitas magéticas, CDs ou impressões digitais

Ernesto Mello e Castro, inédito, Janeiro 2004.

10 comentários:

Anónimo disse...

Insuspeito e de superior qualidade este texto de Ernesto Mello e Castro.
Um estupendo artifício literário.

Anónimo disse...

O surrealismo da escrita transformado em texto criativo.
Tão genuinamente ernestiano...

Anónimo disse...

Eis o acto maior de escrever, descrevendo!

Anónimo disse...

De mestre....Ernesto Mello e Castro!

Anónimo disse...

Admiro a subtileza deste enigmático texto. suficientemente inteligente e criativo, publicado num blog de muita qualidade

Anónimo disse...

Insofismável sofisma literário. Magnífico!

Anónimo disse...

Do que se escreveu, do que está descrito,
só agora reparo, em exclamação:
é aqui o princípio do infinito!

Anónimo disse...

É junto de quem pensa, justo aqui,
que busco o alimento nutritivo e eloquente, já que
ao concreto prefiro o abstracto.

Anónimo disse...

E assim vou procurando o nexo até à exaustão.

Anónimo disse...

muito obrigada, meus amigos,pela maneira muito natural, e muito vossa de "vestir" este texto de Ernesto Mello e Castro...

outros na forja estão...

a condimentar!