16/01/2014

Poema

 
 
CAIR NO CÉU




Subi o monte a que Vénus
deu o nome certo e justo,
nem sempre monte é calvário. 
Com vontade de alpinista,
desejo alcançado à vista,
fui subindo, nada a custo,
a gosto, pelo contrário,
subindo, não pé-a-pé,
mas mão-a-mão, dedo-a-dedo,
e quando cheguei ao alto,
não era tarde nem cedo, 
caí para o precipício
que não tem fim nem início,
sem pesar nem sobressalto,
nem qualquer medo.
E ali fiquei,
tempo não sei,
cada segundo eternidade,
todo o meu ser 
felicidade.
Quem diz que céu não pode ser
cá neste mundo, 
num lugar fundo?

                                Lauro Portugal
 
 
 
 
 in  «A Gloriosa Morte do Esccopião», editora Poesia Fã Clube, Porto, 2013, p. 44
 
ilustração digital de augusto mota
 
* editado por Augusto Mota 

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