A noite despenha-se
do alto das suas negras rémiges.
As agulhas e os violinos
soltando-se na vertigem súbita
do momento presente.
A lua abandonada por detrás
das máscaras.
As mãos em sobressalto.
O corpo percorrido pela névoa.
Por uma fenda.
Ou por um sulco.
Pela transparência leve das
miragens.
Pelos sons que se renovam.
Nas dunas.
Nas orquídeas do mar.
Nas sombras do infinito que
se abre.
Na muralha que se fecha
inutilmente.Maria do Sameiro Barroso, in "Mnemósine".
4 comentários:
Há, neste poema, a par de uma imensa doçura, um grito e um frémito que não se soltam, mas encontram-se presentes em cada verso.
Como algo que quer soltar-se mas não pode.
Não pode porque a Poeta sustém no grito toda a doçura do infinito.
Veja-se a força latente nos últimos versos...tudo explícito, porém, nada dito.
É preciso abrir a muralha.
Eis o paliativo para um mundo que cada vez mais se fecha em nós e perante nós.
O egoísmo feito dogma.
Regressei, minha querida Amiga, e com saudade redescubro um poético mundo novo que, nestes dias,vocês foram urdindo, quais magos da fotografia, do desenho e da escrita, ao longo do meu silêncio e da minha fantasia.
Bem hajam pela Beleza!
obrigada, meus Amigos. pela Poeta
( maior - acrescento eu! ).
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