Com as mãos amacio as palavras e o néctar dos dias que amanhecem em cada gesto. O prazer repete o olhar e molda cada segundo ao ritmo de um desejo que é sagração primaveril de todas as estações do corpo. Vai longe a maré alta do equinócio, quando as ondas trouxeram à praia a rebentação dos dias. Oficiamos agora outros conhecimentos entre as redes e o perfume da maresia que envolve a espuma dos dias. Habitamos, assim, o ritmo das ondas que se desfazem no gesto do olhar, lá onde as palavras não dizem mais do que as mãos querem percorrer. Longa jornada esta entre o carinho e o verbo! Como contornar, então, as sensações que se erguem entre os dedos e acariciam o despontar desta madrugada? Tarefa difícil esta em que as sílabas do silêncio vivem e morrem na revolta das palavras que traem as sensações-todas que habitam as mãos. Cada gesto irá perpetuar a dimensão da oferta e os dias claros esbatem-se para além das colinas que festejam o amanhecer da cidade. O futuro despertará satisfeito por entre as sensações de cada gesto! Augusto Mota, inédito, in "A Geografia do Prazer", 2000.
5 comentários:
Não sei definir este texto. Será prosa? Será prosa poética? O que será?
Um texto de uma enorme sensibilidade e de muito bom gosto.
Que mais esperar deste esteta da palavra?
Que mais dizer que não tenha já sido dito e escrito sobre este Poeta da palavra?...
uma muito simples - Obrigada.
Um belíssimo texto.
Um abraço!
Obrigada Amigo!
Assim se vai erigindo a geografia do prazer... texto a texto.
Um abraço!
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