11/03/2006

o passo a seguir / alguns dias depois...

Ontem, intervim na sessão de apresentação do livro "Meandros Translúcidos", de Maria do Sameiro Barroso, a propósito do posfácio que escrevi para a referida obra. O evento teve lugar no Museu Nacional de Arqueologia e transformou-se num momento terno e próximo, como devem ser todas as apresentações. Sempre desejei que estes actos fossem momentos onde se pudesse dizer e saber aquilo que os livros não trazem. Assim aconteceu, ao final da tarde, entre amigos, no recinto mágico do Museu. De entre os presentes, contavam-se: João Artur Pinto, editor e resistente das coisas imperdíveis, Luís Raposo, director do Museu e guardião sensível da sua alma, José Encarnação, apresentador, amigo e cúmplice da obra revelada, Isabel Wolmar, voz elevada de um tempo imprescindível e António Ramos Rosa, o mais belo poeta.
Maria do Sameiro Barroso ofereceu-nos as palavras que já estavam no livro, mais algumas trazidas de casa, mas sobretudo deu-nos o seu olhar emocionado que perguntava e recriava em cada face, em cada objecto, em cada paaisagem que, entretanto, revisitava durante a sessão. E quando um autor nos oferece um olhar assim íntimo e irrepetível, que mais se pode exigir de uma sessão?
Esta tarde de domingo, roubei algum tempo para procurar uma construção, de Joseph Cornell, "Object ( Rose des vents )", realizada em 1953. Essa obra é uma peça para a leitura do livro de Maria do Sameiro, significando o passo a seguir à releitura dos seus versos, calma e longamente, como se recomenda, trazendo para o infinito baú, onde guardamos aquilo que nos sugerem os poemas, os objectos e a magia que encontramos e a outra, aquela que ainda não vimos, porque a vida ainda o não permitiu e porque são infinitos e ilimitados os versos e as suas leituras.
Pompeu Miguel Martins, domingo, 5 de Março de 2006.

1 comentário:

Anónimo disse...

Um registo mais do que merecido!