um agradecimento a Vergílio Ferreira
Vergílio Ferreira faleceu no dia 1 de Março de 1996. fez ontem, precisamente, dez anos. o Palácio das Varandas, propositadamente, não falou dele no dia 1. fá-lo hoje.
há datas que prefiro esquecer.
todavia, Vergílio Ferreira foi um dos escritores e filósofos portugueses que mais me marcou e ao qual reservo um estádio muito pessoal de ser em. com ele aprendi a reorganizar um pensamento construído na génese do só, do ser em solidão, para ser no outro, e/ou com o outro.
o existencialismo português. a perceber, a ler e a gostar de Jean Paul Sartre. foi ele que me fez, à terceira tentativa, terminar, sem náusea, "A Náusea".
mas, comecemos pelo princípio...
Vergílio Ferreira nasceu na Serra da Estrela, em 1916.
em 1926, vai estudar para o Seminário do Fundão, onde fica até 1932. sete anos mais tarde, muda-se para Coimbra, onde se licencia em Filologia Clássica, pela Universidade de Letras, da Universidade de Coimbra. leccionou Português e Latim.
entre os prémios que obteve, destaco, por duas vezes, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, e, o Prémio Femina, em França.
da sua obra, saliento, os romances, "O Caminho Fica Longe", publicado pela primeira vez em 1943, "Onde Tudo Vai Morrendo", "Mudança", "A Face Sangrenta", "Manhã Submersa"( filmado sob sua orientação e com participação do prório ), "Aparição" , "Estrela Polar", "Até ao Fim"..., e os diários, "Contra Corrente..."
faleceu em Lisboa.
no seu livro "Para Sempre", em que se conjuga o romance em tom de memória e a filosofia, Vergílio Ferreira escreve quase como requiem - "Para sempre. Aqui estou. É uma tarde de Verão, está quente. Tarde de Agosto. Olho-a em volta, na sufocação do calor, na posse final do meu destino. E uma comoção abrupta - sê calmo. Na aprendizagem serena do silêncio".
pelo Ser - Vergílio Ferreira - "Para Sempre". obrigada. gabriela rocha martins.
2 comentários:
Um tributo mais do que merecido.
Que bom recordar Vergílio Ferreira . Um dos escritores que muito prazer me deu ler e ensinar, fazer descobrir ... É pena que se vão esquecendo, na voragem de tanta "coisa" publicada, os nossos tão grandes escritores, como ele e outros. Ainda hoje, durante o dia, já não sei a que propósito,me lembrei de quão esquecido andam, por exemplo, Stau Monteiro e Augusto Abelaira ... e quantos livros se vendem de Margaridas Rebelos e Josés Rodrigues dos Santos... sem querer ofender... Já ninguém se lembrará de um outro José ? " E agora, José?" . Desculpem o desabafo.. Será da chuva ou estaremos em maré de desabafos, Gabriela ?
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