08/10/2005

Abril

( Como se fora uma lenda )
Eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas
abril vi cantar leda madrugada às raparigas frondosas
às raparigas e às mulheres cegando o vento das enseadas
abril fresas ribeiras sonho arável do sonho ruas amuradas
amuradas murmúrios nessas bagas d'anil era o fogo alteado
abril podoas ao alto punhos que o mar no tejo tinha secado
o mar as lezírias do mar com todas as velas postas de lado
abril rimas ao ombro réstias sou tamborileiro sou soldado
sou soldado ou hortelão de navios o que for seja o que seja
abril gestas do povo irmão cativo de maio anel que cereja
eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas
abril ouvi cantar leda madrugada às reparigas frondosas.
Rui Mendes, in "A Poesia sereve-se fria!".

11 comentários:

Anónimo disse...

Que importa pois a distância da mentira
se Abril em outro Abril se grita!

Anónimo disse...

Até que todas as coisas sejam mudas
- Até esse dia -
Sentirei o jorro da fonte de um grito...

...ABRIL!!!!!

Anónimo disse...

Não canto por sonhar.
Que já não sonho.
Canto
para dizer que existo.
Falo
no rio secreto que é o Português.

Anónimo disse...

Eis um poema escrito sob os pés agrestes dos anjos.
Agora... Momentos de reflexão...
Outrora... Momento de dizer NÃO!

Anónimo disse...

Eis como a poesia é, no meio do escuro, a lamparina que arde sobre a mágoa,
no templo bem singelo da oração.

Anónimo disse...

aqui onde me encontro, igual a mim, na cumplicidade dos outros, escrevo:

importa, Manuel, quando o nosso Abril ainda está por se fazer!...

Anónimo disse...

um grito, solto, em uníssono!

Anónimo disse...

enquanto possível for, Fernando!

Anónimo disse...

momento de reflexão?

SIM momento de dizer Não.

quem, porém, o dirá?

os sobreviventes.

( quem são? )

...os ANJOS!

Anónimo disse...

cúmplice, Paulo!
só assim!

( face à perversidade democrática )

Anónimo disse...

Keep up the good work » »